Por Jesús Aguado e Rachel Armstrong
MADRI (Reuters) - O acordo dos líderes europeus sobre um amplo plano de estímulo para suas economias afetadas por coronavírus deve ajudar a impulsionar a consolidação transfronteiriça na Europa e concluir a união bancária europeia, disse Ana Botín, presidente do conselho de administração do banco espanhol Santander (MC:SAN).
"O que foi acordado ontem (nas primeiras horas de terça-feira) significa que a oportunidade e a probabilidade para obtermos uma união bancária e uma consolidação transfronteiriça é muito maior", disse Botín à Reuters.
"Isso exigirá mudanças, mas acho que essas mudanças são muito mais prováveis hoje do que ontem", disse Ana Botín.
O Santander é o segundo maior banco da zona do euro em termos de valor de mercado.
Os comentários de Botín ecoaram declarações do vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, que na segunda-feira disse que esperava que os bancos participem da consolidação nacional e internacional dentro de semanas ou meses.
A consolidação é vista como inevitável entre os bancos da zona do euro para ganhar escala, mas valores baixos das instituições e diferentes marcos legais em torno dos países estão dificultando essas transações.
A lucratividade em todo o setor bancário da zona do euro é baixa e espera-se que uma recessão econômica na região afete ainda mais as perspectivas dos bancos, em parte devido a maiores provisões para perdas com empréstimos relacionadas ao impacto da pandemia do Covid-19.
"O que aconteceu ontem sobre o acordo na Europa é um claro trampolim para a união bancária na Europa. E a união bancária e a transferência gratuita de euros entre países é um pré-requisito para fusões e consolidação entre países", disse Botín.
"Acho que é a hora. Acho que os bancos europeus precisam de escala", disse Botín, acrescentando que, por enquanto, o Santander não está interessado em participar.
"A partir de hoje, não, com as regras atuais, não. Quando as regras mudarem, quem sabe? Mesmo assim, acho que há outros com maior probabilidade de estar à nossa frente", disse ela.
O acordo abre caminho para a Comissão Europeia, braço Executivo da UE, levantar bilhões de euros em mercados de capital em nome dos 27 Estados, um ato de solidariedade sem precedentes em quase sete décadas de integração europeia.
"É realmente importante para a Europa, acho que é uma virada no jogo, é realmente uma virada na estrada, na direção certa", disse Botín, acrescentando que isso "será visto a tempo como um passo fundamental na construção de Europa".
Botín também disse que o acordo havia diminuído e evitado as chances de um risco soberano e um problema de fragmentação na Europa e que a pessoa, o país, que assumiu a liderança para tornar isso possível foram (a chanceler Angela) Merkel e a Alemanha.
"Poderíamos ter esperado algo maior, mas não algo melhor", disse.
(Reportagem de Jesús Aguado e Rachel Armstrong; reportagem adicional de Emma Pinedo)
((Tradução Redação São Paulo; +55 11 56447764))
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