TÓQUIO (Reuters) - O adiamento da Olimpíada é um duro golpe que quase certamente levará a economia persistentemente fraca do Japão, a terceira maior do mundo, à recessão.
Para o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que tenta revitalizar o crescimento por meio de um mix maciço de flexibilização monetária, reformas de governança e do turismo, o surto de coronavírus desmontou o que deveria ter sido um ano olímpico triunfante.
Abe já prometeu um "enorme" estímulo para combater o coronavírus, que envolverá pelo menos 137 bilhões de dólares em gastos, disseram fontes à Reuters. Parte disso será financiado por novos empréstimos, apesar da péssima posição fiscal do Japão.
"Agora estamos enfrentando uma situação muito grave", disse Hiroshi Ugai, economista-chefe do JPMorgan Securities Japan, à Reuters.
O JP Morgan estima que o adiamento dos Jogos reduzirá 1,1 trilhão de ienes (10 bilhões de dólares), ou 0,2%, da economia este ano.
Embora isso possa não parecer muito, ocorre em um contexto em que o coronavírus prejudica o turismo e pressiona as pequenas e médias empresas, levantando a perspectiva de um aumento nas falências.
A pandemia também ameaça frear o consumo.
Depois, há o impacto sobre a confiança das famílias, das empresas e dos investidores - o que pode ser considerável para uma sociedade em envelhecimento que há muito luta, muitas vezes sem sucesso, para escapar da deflação.
(Reportagem de Daniel Leussink)