Por Kate Kelland, correspondente de Saúde e Ciência
LONDRES, 19 Jun (Reuters) – A confiança em vacinas, um dos produtos de saúde mais eficientes e amplamente usados do mundo, é maior em países mais pobres e menor nos ricos, onde o ceticismo vem causando a persistência de surtos de doenças como o sarampo, mostrou um estudo global nesta quarta-feira.
A França, onde um terço das pessoas acredita que as vacinas não são confiáveis, é o país mais desconfiado da segurança e da eficiência, segundo o estudo.
Embora a maioria dos pais opte por vacinar os filhos, níveis variados de confiança apontam vulnerabilidades a possíveis surtos de doenças em alguns países, disseram os autores do estudo, recomendando aos cientistas que façam com que as pessoas tenham acesso a informações robustas daqueles em quem confiam.
Especialistas em saúde pública e a Organização Mundial de Saúde (OMS) dizem que as vacinas salvam até 3 milhões de vidas em todo o mundo a cada ano e que décadas de indícios de pesquisas apontaram continuamente que elas são seguras e eficazes.
Mas para se alcançar o "efeito rebanho" que protegeria populações inteiras, normalmente as taxas de imunização precisam estar acima de 90% ou 95%, e a desconfiança nas vacinas pode reduzir rapidamente essa proteção.
"Ao longo do último século, as vacinas transformaram muitas doenças infecciosas devastadoras em uma lembrança distante", disse Charlie Weller, chefe de vacinas da instituição de caridade Wellcome Trust e coautor do estudo
Wellcome Global Monitor.
"É animador que quase todos os pais do mundo estejam vacinando os filhos. Entretanto, há bolsões de confiança mais baixa nas vacinas em todo o mundo".
A disseminação do sarampo, que inclui grandes surtos nos Estados Unidos, Filipinas e Ucrânia, é só um dos riscos de saúde ligados a uma confiança menor nas vacinas.
No Afeganistão e no Paquistão, rumores falsos segundo os quais as vacinas contra pólio seriam parte de um complô ocidental prejudicaram esforços globais para extirpar a doença paralisante nos últimos anos.
O estudo, conduzido pela Wellcome e pelo instituto de pesquisas Gallup, cobriu mais de 140 mil pessoas de mais de 140 nações.
Ele revelou que 6% dos pais de todo o globo, o equivalente a 188 milhões de pessoas, dizem que seus filhos não são vacinados. Os índices mais altos estão na China (9%), Áustria (8%) e Japão (7%).