Por Michele Kambas
ATENAS (Reuters) - Roupas devem ser apreciadas, reutilizadas e até passadas para a próxima geração, disse Anna Wintour, a influente editora-chefe da revista Vogue, pedindo mais sustentabilidade no mundo da moda e menos cultura de descarte.
Em entrevista à Reuters, Wintour, considerada uma das pessoas mais poderosas no universo da moda, também afirmou que a indústria está "um pouco para trás" no que diz respeito à diversidade e à inclusão, acrescentando que, apesar da ascensão meteórica dos influenciadores digitais, a Vogue permaneceria uma referência aos fashionistas.
"Mundialmente, a Vogue tem 127 milhões de seguidores... Acho que a Vogue é a maior influenciadora entre todos em uma escala global".
Muitas marcas tentam reforçar suas credenciais ecológicas e atrair jovens consumidores ambientalmente conscientes, uma vez que o setor é criticado por alimentar uma cultura de descarte.
No entanto, para a alegria dos caçadores de brechós e bazares, Wintour disse que fashionistas devem cuidar melhor de suas roupas e até passá-las adiante.
"Eu acho que, para todos nós, isso significa mais atenção à personalização, à criatividade, e menos sobre a ideia de roupas que são instantaneamente descartáveis, coisas que você vai jogar fora logo depois do primeiro uso", afirmou ela, que está à frente da Vogue norte-americana há mais de 30 anos.
"(É sobre) conversar com nosso público, nossos leitores, sobre guardar as roupas que você tem, valorizar as roupas que se tem e usá-las de novo e de novo, e talvez as doar para sua filha, ou filho, qualquer que seja o caso".
Um relatório de 2016 elaborado pela consultoria McKinsey & Company indicou que a produção global de roupas dobrou entre 2000 e 2014, com o volume de roupas compradas por pessoa a cada ano subindo 60%.
DIVERSIDADE NAS PASSARELAS
Graças às redes sociais, quem e o que está na moda mudou radicalmente na última década, disse Wintour.
As semanas de moda ao redor do mundo, nas quais estilistas apresentam suas mais recentes coleções, estão vivenciando uma maior diversidade, embora Wintour acredite que o processo tem sido lento.
"Estamos vendo uma representação muito mais diversa e inclusiva nas passarelas, nas nossas redes sociais e também nas páginas de nossas diferentes revistas", disse.
"Até que haja verdadeiramente um local de fala, as coisas não vão mudar para o jeito que deveriam. Eu sinto que temos um longo caminho a percorrer".