Por Nandita Bose e Heather Timmons
WASHINGTON (Reuters) - Leslie Batson, administradora de um escritório em Maryland, juntou-se aos milhares de manifestantes que protestavam contra a morte de George Floyd em Washington, no fim de semana passado, depois que seus filhos perguntaram por que a família não fazia nada sobre racismo.
"Esta é minha tentativa de ajudar a elevar as vozes de pessoas de cor, pessoas que não se parecem comigo e que não se beneficiam do status quo", disse Batson, de 42 anos, no sábado, com os filhos de 9 e 11 anos timidamente escondidos atrás dela.
Nos últimos dias, os norte-americanos brancos vestiram camisas do "Black Lives Matter", exibiram cartazes e gritaram "Mãos ao alto, não atire" nas cidades dos Estados Unidos.
Às vezes eles se deitam nas ruas, assim como Floyd, um negro desarmado e imobilizado, que ficou com dificuldades para respirar enquanto um policial branco se ajoelhava em seu pescoço.
Livros como "White Fragility" e "The New Jim Crow" estão no topo das listas de mais vendidos dos EUA, e as mídias sociais são inundadas com postagens de #BlackLivesMatter. Empresas e franquias esportivas, predominantemente administradas por norte-americanos brancos, manifestaram apoio ao ativismo antirracista, e a Bolsa de Valores de Nova York manteve seu mais longo momento de silêncio para Floyd.
Os Estados Unidos têm uma longa história de participação de brancos em protestos por direitos civis, mas o atual fluxo de apoio é sem precedentes, segundo historiadores e cientistas sociais.
Dito isto, muitos questionam o compromisso de longo prazo dos americanos brancos de fazer o trabalho de combate ao racismo.
"Historicamente, quando vemos níveis mais altos de participação de brancos em movimentos e momentos como esse, essa participação cai vertiginosamente depois que nos afastamos do protesto", disse Charles McKinney, professor de História associado e diretor de Estudo Africano no Rhodes College em Tennessee.
McKinney analisa se a alta participação de manifestantes brancos se traduzirá em leis que ajudem o movimento Black Lives Matter.
Melanie Campbell, presidente da Coalizão Nacional sobre a Participação Cívica Negra, disse que ativistas veteranos têm dúvidas de que essa fase durará por muito tempo. Mas ela disse que o nível de raiva e frustração após a morte de Floyd é novo.
"Esta é uma geração que vê tiroteios em massa nas escolas, um presidente divisivo, pessoas negras sendo mortas e estão recuando", disse ela.
E a demografia do próprio país está mudando. Um em cada 10 eleitores elegíveis no eleitorado de 2020, cerca de 22 milhões de americanos, fará parte de uma nova geração que é a mais diversificada etnicamente na história dos EUA, relata Pew.