A perspectiva dos restaurantes em relação à sobrevivência dos negócios melhorou após a flexibilização de quarentenas, que permitiu a volta do consumo no interior dos estabelecimentos. A saúde financeira nos serviços de alimentação ainda mostra, contudo, indicadores considerados preocupantes: praticamente quatro em cada dez empresas do setor estão com o pagamento de impostos atrasados. Além disso, mais da metade dos restaurantes brasileiros tem dificuldade de planejar 2021, dada a grande incerteza sobre os resultados do ano que vem.
Este é o quadro retratado em pesquisa divulgada hoje pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR). Encomendada à consultoria Galunion, especializada em foodservice, a pesquisa ouviu mais de 500 empresas de todo o País entre 7 e 27 de novembro, após, portanto, os estabelecimentos serem reabertos.
Em relação ao levantamento anterior, feito em agosto - quando o setor vinha de um prolongado período de portas fechadas -, o percentual de restaurantes que manifestaram a possibilidade de encerrar o negócio caiu de 22% para 9%.
Para a ANR, o resultado melhorou porque as empresas tiveram maior acesso ao crédito, mas também devido ao fato de muitos bares e restaurantes já terem encerrado as atividades. Assim, não participam mais da pesquisa.
Conforme o levantamento, 39% das empresas relataram atrasos com o fisco, sendo que 65% deste total aguarda por parcelamento ou desconto da dívida tributária para quitar pendências com o governo.
A pesquisa mostrou ainda que 56% das empresas de alimentação não conseguem projetar o faturamento de 2021.
O levantamento ratifica também o expressivo movimento de demissões do setor, algo que já tinha sido apontado no Caged, o cadastro de movimentações do mercado de trabalho formal, onde o setor de alojamento e alimentação despontou com o maior saldo de destruição de postos de trabalho desde a chegada da pandemia no Brasil. Conforme a pesquisa da ANR, 64% das empresas de serviços de alimentação afirmaram que demitiram na crise.