BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, em solenidade de comemoração dos 300 dias da sua gestão, que o governo tem de ter a capacidade de se antecipar aos problemas, após fazer uma alusão ao Chile, país sul-americano que tem atravessado nos últimos dias os maiores protestos populares desde que retornou à democracia.
"Infelizmente aqui no Brasil existem alguns maus brasileiros que ficam o tempo todo maquinando sobre como chegar ao poder, não importa com que meios", disse Bolsonaro, durante o evento no Palácio do Planalto.
O presidente disse que, se preciso for, o governo vai dar o sangue "pela nossa liberdade".
"Nenhum de nós aqui se furtará a essa missão". afirmou. "Costumo dizer que mais importante que a própria vida é a liberdade", reforçou.
Em nova crítica aos meios de comunicação, Bolsonaro disse que, se dependesse de um tipo de imprensa, seria "réu sem crime". Ele disse lamentar o fato de a grande imprensa ter procurado colocar no colo dele a execução da ex-vereadora Marielle Franco.
"Que motivo eu teria para cometer um ato daquele? Estaria contrariando meus princípios cristãos. O que aquela pessoa me atrapalhava? Zero!", disse.
Apesar das críticas de que teria um viés autoritário, o presidente disse que seu governo é um dos mais democráticos dos últimos tempos e destacou que nunca falou em controle social da mídia.
O presidente aproveitou também para fazer uma defesa indireta do filho Eduardo, que é deputado federal e líder do PSL na Câmara.
Bolsonaro lembrou que durante o período que esteve na Câmara dos Deputados, respondeu "a uns 30 processos de cassação" e disse esperar que Eduardo Bolsonaro não siga nessa linha. Eduardo está na mira de partidos de oposição após aventar, em uma entrevista que foi ao ar na semana passada, a possibilidade de um novo AI-5 se a esquerda radicalizar no país.
"Mas em todos os momentos a Câmara respeitou o sagrado direito de opinião, seja qual for", exortou.
Num evento recheado de autoelogios dos presentes, Bolsonaro disse confiar nos seus 22 ministros e brincou.
"De vez em quando tem alguma fofoca, intriga ou fuxico não é seu Moro?", disse, dirigindo-se ao ministro da Justiça e Segurança Pública. A relação entre o ministro e o presidente já foi alvo de especulações em mais de um momento.
(Reportagem de Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu; Edição de Alexandre Caverni)