WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu romper com acordos comerciais internacionais e reequilibrar as relações comerciais globais dos EUA.
Três anos após sua presidência, ele tem feito exatamente isso, usando uma série de tarifas, ameaças e negociações bilaterais para chacoalhar as relações com quase todos os principais parceiros comerciais dos EUA.
Com a Fase 1 de um acordo comercial em mãos com a China e uma reformulação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) concluído em casa, Trump agora está voltando sua atenção para a Europa, o Reino Unido pós-Brexit e a Índia.
Aqui está o que provavelmente acontecerá a seguir:
UNIÃO EUROPEIA
Washington e a União Europeia (UE) permanecem em desacordo com os subsídios para aeronaves, barreiras comerciais e planos dos países europeus de impor impostos sobre serviços digitais.
Trump nesta semana renovou as ameaças de impor tarifas da "Seção 232" de até 25% às importações de automóveis da UE, mesmo que ele tenha perdido o prazo de novembro estabelecido pela lei dos EUA para decidir sobre as tarifas.
A UE responderá a quaisquer tarifas adicionais com tarifas próprias, disse a embaixadora da Alemanha nos Estados Unidos, Emily Haber, nesta quarta-feira.
A França concordou na segunda-feira em suspender um imposto digital de 3% sobre as empresas de tecnologia dos EUA em troca de Washington adiar uma ameaça de impor tarifas de até 100% sobre uma lista de importações francesas no valor de 2,4 bilhões de dólares, disse uma fonte diplomática francesa.
No Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que a Itália e o Reino Unido também enfrentarão tarifas se adotarem impostos digitais.
Washington já impôs uma tarifa de 25% aos vinhos europeus e outros produtos e uma tarifa de 10% às aeronaves e ameaçou aumentar essas alíquotas e expandir a lista de produtos afetados se a questão do subsídio não for resolvida.
REINO UNIDO
Trump tem prometido um novo acordo comercial "maciço" com o Reino Unido, o sétimo maior parceiro comercial dos Estados Unidos, desde a vitória do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em dezembro, mas houve uma divergência entre os dois países nesta semana.
Depois que Mnuchin e Trump ameaçaram aplicar tarifas sobre as importações do Reino Unido se Londres prosseguir com um imposto digital planejado, o ministro das Finanças da Grã-Bretanha, Sajid Javid, disse que continuaria com o imposto em abril de qualquer maneira.
Javid também disse em Davos que um novo acordo comercial com a UE era a "primeira prioridade" do Reino Unido, antes de um acordo com os Estados Unidos.
AMÉRICA DO NORTE
Espera-se que Trump sancione nas próximas semanas a legislação que implementará o novo acordo comercial EUA-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês).
O México já ratificou o acordo, que substitui o Nafta, de 26 anos, e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, está pressionando o Parlamento canadense a aprová-lo o mais rápido possível. Sua oposição conservadora quer mais tempo para estudar o acordo.
ÍNDIA
Os Estados Unidos eliminaram o status especial de comércio da Índia sob o Sistema de Preferências Generalizadas em junho, afetando cerca de 5,6 bilhões de dólares em exportações indianas para os Estados Unidos, em meio a uma disputa sobre as novas restrições de comércio digital da Índia.
Ambos os governos esperavam estabelecer um acordo comercial limitado em setembro, mas as negociações entraram em colapso por causa de tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA e cronogramas de aprovação para produtos farmacêuticos indianos.
As discussões esquentaram novamente antes da visita prevista de Trump à Índia em fevereiro.
JAPÃO
Trump e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, assinaram em setembro um acordo comercial limitado que reduz as tarifas de produtos agrícolas dos EUA, peças de maquinário e outros produtos do Japão, adiando a ameaça de impostos mais altos sobre carros nos EUA.
Os dois países devem abordar a questão automotiva em uma segunda rodada de negociações que deve começar em abril.
FASE 2 DA CHINA
Os Estados Unidos e a China devem iniciar negociações sobre questões difíceis, como subsídios chineses, como parte da Fase 2 de um acordo comercial, depois que Washington concordou em dezembro em reverter algumas tarifas em troca da promessa da China de comprar 200 bilhões de dólares a mais em bens e serviços dos EUA nos próximos dois anos.
Especialistas em comércio estão céticos quanto a qualquer acordo antes da eleição presidencial dos EUA em novembro.
(Por Andrea Shalal e Heather Timmons)