Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta na última sessão de novembro, ao fim de uma semana marcada por sucessivos recordes históricos da moeda norte-americana, no encerramento de um mês de forte pressão no câmbio diante da frustração com perspectivas de ingressos de recursos.
O dólar à vista subiu 0,58% nesta sexta-feira, a 4,2405 reais na venda.
No acumulado da semana, a cotação avançou 1,14%.
Em novembro, a divisa saltou 5,77% --maior alta mensal desde agosto passado (+8,51%) e a mais forte para meses de novembro desde 2016 (+6,18%).
A alta do dólar no fim do mês é um movimento típico, conforme investidores compram a moeda norte-americana para ajustar posições. A "briga" pela Ptax --entre comprados e vendidos na divisa-- também costuma adicionar volatilidade.
Depois da forte pressão cambial em novembro, o cenário para dezembro segue inspirando cautela, uma vez que se trata de mais um mês sazonalmente marcado por fluxo negativo.
Estrategistas do JPMorgan, por exemplo, mantiveram posição "acima da média do mercado" em real, mas reconheceram que as perspectivas de médio prazo para a moeda pioraram, devido a fatores que extrapolam preocupações sobre fluxo.
"Ruídos políticos permanecem elevados tanto no Brasil, após a libertação de Lula da prisão, quanto na América Latina, em meio à agitação social", disseram os profissionais em relatório.
Os estrategistas chamaram atenção para dados do Produto Interno Bruto (PIB), a serem divulgados na semana que vem, como um elemento a mexer com a taxa de câmbio, já que cada vez mais o real adota perfil de moeda de crescimento --que depende de fluxos que têm origem no crescimento econômico e não no diferencial da taxa de juros--, na esteira da forte queda dos juros.
A economia do Brasil provavelmente se expandiu 0,4% no terceiro trimestre ante o segundo, de acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas, consolidando um ritmo estável de crescimento, embora não espetacular, antes de uma esperada aceleração no final do ano.
Alguns analistas defendem que a depreciação do real em novembro pode abrir espaço para algum ajuste em dezembro, mas as avaliações não são consenso.
"Esperaríamos apenas um aumento limitado de posições compradas em reais no momento atual", disseram profissionais do Goldman Sachs em nota, citando a queda nos diferenciais de juros e piora em números da conta corrente como fatores a manter pressão sobre o câmbio.
"Portanto, a barra para posições a favor do real está mais alta do que no passado, e uma história construtiva mais significativa e sustentada para a moeda provavelmente depende de um movimento de queda mais forte no dólar, o que não é o nosso cenário-base por ora."