Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou um "bom caminho" a recente aproximação do governo a alguns partidos políticos e defendeu que o Executivo possa ter sua representação do Parlamento.
O Planalto desenhou um movimento em direção a partidos de centro, como o PP e o PRB, apesar do discurso oficial desde a campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República contra o que chama de "velha política". A ofensiva aproveitou brechas de Maia na relação com o chamado centrão, flancos que começam a ficar expostos já por influência da disputa pelo comando da Câmara em 2021.
"É um bom caminho o governo ter uma base de apoio, aliados, partidos que construam um apoio ao governo, principalmente nesse momento da pandemia", disse Maia em entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Band.
"O importante é o diálogo. Se o governo abriu o diálogo para estar mais próximo de uma parte do Parlamento, de partidos que representam a Câmara dos Deputados e o Senado, acho que é bom esse diálogo."
Maia disse que o Parlamento tem feito sua parte no combate à crise do coronavírus, independentemente de não se alinhar com o governo. Afirmou, ainda, que tem mantido conversas com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra.
Na segunda-feira, lembrou Maia, o ministro defendeu em seu perfil do Twitter a necessidade de a Câmara votar a PEC ainda nesta semana.
"Vai possibilitar que o governo continue adotando medidas para combater os efeitos sociais e econômicos da COVID-19", diz Ramos na publicação.
"Uma das ações importantes da PEC é que ela permitirá o pagamento do coronavoucher aos beneficiários que foram incluídos posteriormente", afirmou o ministro, na rede social.
IMPEACHMENT
Maia aproveitou a entrevista para afirmar que a prioridade da Casa é combater os efeitos da crise do coronavírus. Para ele, os conflitos entre o presidente e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro não resultam necessariamente no andamento de um processo de impeachment. Há 30 requerimentos já protocolados na Câmara de impedimento de Bolsonaro.
Para ele, o Parlamento precisa ter como foco as crises de saúde, econômica e social. A crise política precisa, segundo Maia, ser deixada de lado, mesmo após a polêmica demissão de Moro, que saiu do governo acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal, entre outras irregularidades.
"Eu acho que a gente tem que ter prioridades. Não é 'houve um conflito com o ministro, vai para impeachment', não é assim", afirmou o presidente da Câmara, que tem a atribuição de decidir pelo prosseguimento de pedidos de impeachment.
Ao ressaltar que o ambiente político já está radicalizado, lembrou que há uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso para apurar as chamadas fake news e citou ainda pedido de investigação nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello para apurar as acusações de Moro.