Por Eliana Raszewski
BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina continuará conversando com seus credores nesta semana e na próxima sobre a reestruturação de sua dívida externa de 83 bilhões de dólares, disse o ministro da Economia do país, Martín Guzmán, na terça-feira, depois que o país sul-americano perdeu o prazo de 31 de março que havia estabelecido anteriormente.
A Argentina está correndo para renovar sua dívida em moeda estrangeira e evitar um default que colocaria em risco seu acesso aos mercados globais justo no momento em que o surto de coronavírus assola a região.
Os negociadores argentinos estão trabalhando o mais rápido possível para enviar um novo acordo a seus credores, mas a pandemia interrompeu o processo, disse Guzmán em entrevista coletiva. Ele não estabeleceu uma data nova e firme para a oferta.
O governo de centro-esquerda do presidente Alberto Fernández disse que está avaliando "múltiplas combinações de variáveis" para garantir que qualquer novo acordo seja sustentável. Isso inclui atrasos no vencimento, redução "substancial" nos cupons e possíveis cortes nos valores principais, de acordo com uma declaração do ministério.
A Argentina está considerando incluir instrumentos com pagamentos de cupons vinculados ao desempenho econômico em sua última oferta, disse Guzmán. O governo também levará em conta o "rendimento de saída", porque poderia determinar quanto custaria ao país explorar os mercados de crédito a taxas mais razoáveis no futuro.
"Se a ideia é que o rendimento de saída seja baixo, isso diminuiria as expectativas de que a taxa convergiria rapidamente para níveis mais sustentáveis ... e essa interação é importante quando projetamos uma oferta concreta", disse Guzmán.
A Argentina espera aumentar as reservas do banco central para 65 bilhões de dólares até 2024, acima dos 43,585 bilhões atualmente, de acordo com um documento descrevendo os planos de reestruturação do país apresentado pelo ministro na noite de terça-feira.
Tanto Guzmán quanto o presidente Fernández disseram repetidamente que precisam fechar um acordo com os detentores de títulos em breve para evitar novas hemorragias nas reservas.
A Reuters informou na segunda-feira que a Argentina deve definir "diretrizes" sobre sua reestruturação da dívida, embora ainda não esteja pronta para apresentar uma proposta concreta.