Por Jorge Otaola e Walter Bianchi
BUENOS AIRES (Reuters) - O novo governo da Argentina apresentará seus planos de terapia de "choque" econômico na tarde desta terça-feira, em uma tentativa de controlar a inflação de três dígitos e reconstruir as reservas em moeda estrangeira, com os mercados e a população argentina em suspense sobre o impacto das medidas.
O ministro da Economia, Luis Caputo, anunciará as medidas após o fechamento dos mercados, por volta das 17h (horário de Brasília), disse o porta-voz do presidente libertário Javier Milei, que assumiu o cargo no domingo.
A expectativa é de que elas incluam cortes acentuados nos gastos estatais, uma redução do tamanho do setor público e uma possível desvalorização acentuada do peso. Atualmente, a moeda é mantida artificialmente forte por meio de controles rígidos de capital.
As medidas ficarão "em linha" com as promessas de campanha de Milei, em que ele frequentemente aparecia com uma motosserra para representar seus cortes planejados, disse o porta-voz presidencial Manuel Adorni, acrescentando que isso é necessário para evitar uma "catástrofe mais profunda".
As negociações com o peso no mercado oficial devem ser muito restritas nesta terça-feira, como aconteceu na segunda, com o banco central permitindo negociações apenas em caráter prioritário, disse uma fonte do banco à Reuters.
A fonte disse que "o movimento da taxa de câmbio será o mesmo de ontem até que as medidas sejam anunciadas".
Analistas consultados pela Reuters esperam que a taxa de câmbio oficial se enfraqueça acentuadamente em um futuro próximo, para cerca de 650 por dólar, ante cerca de 365 atualmente. Nos mercados paralelos, o dólar é negociado a cerca de 1.000 pesos.
A nova liderança do banco central foi confirmada no diário oficial, formalizando a nomeação de Santiago Bausili, um aliado próximo de Caputo, para substituir o presidente do banco que está deixando o cargo, Miguel Pesce.