Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, afirmou nesta sexta-feira que o aumento da inflação medida pelo INPC é um risco para o Orçamento de 2022, pontuando que cada 1 ponto de elevação no índice aumenta as despesas públicas em cerca de 8 bilhões de reais, tirando espaço do teto de gastos na mesma magnitude.
Antes da conta de precatórios ser apresentada, o governo havia identificado na diferença entre inflações o espaço para acomodar o novo Bolsa Família sob a regra do reto.
Isso porque o teto no ano que vem subirá conforme a inflação medida pelo IPCA em 12 meses até junho deste ano. Ou seja, em 8,35%. Já uma parte importante das despesas obrigatórias em 2022 será reajustada pelo INPC do ano completo de 2021, entre elas o salário mínimo, sendo que expectativa mais recente do governo era de que o índice ficaria em 6,2%.
Segundo Funchal, considerando essa diferença a expectativa do governo era de um espaço para gastos de cerca de 30 bilhões de reais em 2022.
"Qual é o risco? Crescer demais a inflação, INPC fechar muito alto e você para cada 1% vai ter 8 bilhões a menos (de espaço no teto de gastos)", disse Funchal.
"Isso aí é um risco razoável", acrescentou ele.
Em julho, o INPC subiu 1,02%, acumulando alta de 9,85% em 12 meses.
Funchal pontuou que, diante do volume de 90 bilhões de reais em precatórios a pagar em 2022, a equipe econômica propôs parcelar essas despesas --que correspondem a perdas definitivas sofridas na Justiça--, para assim não ver o espaço do teto de gastos ser tão comprimido no ano que vem.
Se aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, o cálculo é de que haverá uma economia de 33,5 bilhões de reais em 2022 e que esse será o novo espaço no teto para despesas adicionais.
"Em relação à espaço (no teto) agora a gente está sendo passageiro da inflação que está vindo. A gente não tem mais o controle e aí de fato com a projeção em 7,2% (do INPC) a gente já estaria perdendo 8 bilhões dos 33 bilhões que a gente está projetando", disse Funchal.