Por Andrea Shalal e David Lawder
MARRAKECH, Marrocos (Reuters) - O Banco Mundial disse aos seus funcionários que está seriamente preocupado com a "escalada chocante" da violência no conflito entre israelenses e palestinos, depois que os combates ofuscaram o início das reuniões anuais do banco com o Fundo Monetário Internacional no Marrocos.
Um memorando interno do Banco Mundial citou uma "devastadora perda de vidas, destruição e grande número de vítimas civis de ambos os lados", mas expressou apoio ao trabalho do banco em Gaza e na Cisjordânia.
"O Banco Mundial e nossos parceiros de desenvolvimento têm trabalhado há muito tempo para apoiar as pessoas mais pobres e vulneráveis na Cisjordânia e em Gaza, e continuamos comprometidos em construir as bases para um futuro mais estável e sustentável", disse.
A expectativa é que a reunião anual de 9 a 15 de outubro em Marrakech se concentre fortemente no aumento de recursos para o FMI e o Banco Mundial, mas a atenção de muitos participantes no primeiro dia se voltou para a possibilidade de um conflito mais amplo.
"Estamos todos muito surpresos com a magnitude das baixas em ambos os lados", disse Anna Bjerde, diretora administrativa de operações do Banco Mundial, em entrevista à Reuters.
O conflito já elevou os preços do petróleo e provocou uma corrida para ativos de segurança, como o ouro, o que pode prejudicar as economias em desenvolvimento.
O economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, disse à Reuters que o conflito poderá se somar a um grande catálogo de riscos já enfrentados pela economia global, incluindo a fragmentação do comércio, especialmente se ressuscitar atrasos na cadeia de suprimentos que elevaram os preços durante a pandemia da Covid-19.
"No momento, o mais urgente é a inflação. Se começarmos a ver os preços dos combustíveis subirem e os preços dos produtos subirem por causa desses congestionamentos logísticos, isso apenas agravará os problemas", disse ele.
Gill disse que teme que a violência possa ofuscar discussões importantes planejadas nas reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial desta semana sobre dívida soberana, perspectivas de crescimento medíocre e o grande retrocesso no desenvolvimento causado pela pandemia da Covid-19.
(Reportagem de Andrea Shalal e David Lawder)