Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro convidou o oncologista Nelson Teich para ocupar o Ministério da Saúde no lugar de Luiz Henrique Mandetta, informou à Reuters uma fonte que acompanha a situação.
Mandetta, que confirmou sua demissão no Twitter, foi chamado ao Palácio do Planalto na tarde desta quinta-feira para ser informado da troca de comando no ministério. Bolsonaro informou pessoalmente ao agora ex-ministro que Teich será seu substituto.
"Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde", disse Mandetta na rede social.
"Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar", acrescentou o ortopedista.
Bolsonaro estava em rota de colisão com Mandetta por causa da estratégia para combater ao Covid-19. Para Bolsonaro, somente os integrantes do grupo de risco deveriam ficar isolados, e ele vinha criticando as medidas de restrição à circulação adotadas por governadores e defendidas pelo agora ex-ministro.
Mandetta, por sua vez, contrariava Bolsonaro publicamente recomendando à população que seguisse as orientações dos governadores, apesar de o presidente ter entrado em atrito com os chefes dos Executivos estaduais pelas medidas de distanciamento social.
O agora ex-ministro foi alçado ao patamar de figura nacional com a pandemia de coronavírus e frequentemente teve sua atuação elogiada por governadores e parlamentares.
Filiado ao DEM, buscou apoio em correligionários da legenda durante a crise com Bolsonaro, chegando a jantar com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no auge dos atritos com o presidente.
O ministro não resistiu ao que Bolsonaro descreveu como "falta de humildade" ao contrariá-lo publicamente.
Convidado por Bolsonaro, o oncologista Teich chegou a ser cogitado para o cargo de ministro a Saúde em 2018, ainda no período do governo de transição, quando Bolsonaro escolhia seu ministério. O então presidente eleito, optou, no entanto, pelo ex-deputado Mandetta, que foi indicação da Frente Parlamentar da Saúde.