Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que não quer tomar o PSL de ninguém, mas cobrou transparência do partido, em meio a uma disputa pública entre alas de parlamentares da legenda e uma investigação da Polícia Federal sobre suspeitas de candidaturas-laranjas.
Depois de dizer que não tem falado nada sobre a sigla e que tudo que tem surgido são "fofocas" --mesmo tendo sido o responsável pela face pública da crise ao dizer que o presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), estava "queimado"-- Bolsonaro afirmou que o partido tem uma oportunidade de "se unir na transparência".
"O partido tem que fazer a coisa que tem que ser feita, normal, não tem que esconder nada. Eu não quero tomar o partido de ninguém. Agora, transparência faz parte, o dinheiro é público", afirmou o presidente a repórteres na saída do Palácio da Alvorada.
Bivar foi alvo na terça-feira de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal em investigação sobre suspeita de fraudes no uso de recursos do fundo partidário em candidaturas-laranjas do PSL. [nL2N2700AV]
A defesa do deputado negou que tenha ocorrido fraude no processo eleitoral, e acrescentou ver a operação com "muita estranheza" devido ao atual momento de turbulência política.
Bolsonaro evitou dizer nesta manhã se defende ou não a saída de Bivar da presidência do partido, como querem alguns dos deputados dissidentes e, ao ser perguntado se tinha mágoa de Bivar, disse não ter mágoa de ninguém.
"Não defendo nada, não quero saber de nada, só quero transparência", afirmou. "Não justifica que eu estou tumultando a relação com o partido, que eu estou dividindo, não justifica. Eu estou calado e vou continuar calado sobre esse assunto."
Há uma semana, desde que foi gravado em um vídeo de um apoiador dizendo que Bivar estava "queimado", o presidente tem se reunido com deputados da ala dissidente do PSL e com seus advogados Karina Kufa e Admar Gonzaga, que é ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os dois advogados estudam maneiras de o grupo de insatisfeitos deixar o partido sem perderem o mandato, como prevê a lei da fidelidade partidária.
Na terça-feira, a deputada Carla Zambelli (SP), uma das líderes do grupo dissidente, confirmou que o grupo pretendia, para continuar no partido, destituir Bivar e colocar Bolsonaro na presidência do partido. A parlamentar, no entanto, reconheceu que o clima piorou nos últimos dias e a possibilidade de uma negociação desse tipo se tornou mais difícil.