Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que a sanção do projeto de lei que concede autonomia ao Banco Central não é uma resposta do governo à troca no comando da Petrobras (SA:PETR4) e, novamente, negou ter interferido na mudança do presidente da companhia.
"E a minha querida imprensa, isso não é uma resposta ao caso Petrobras, não, até porque isso já vinha sendo trabalhando há muito, bem como o projeto sobre os Correios, bem como a MP de ontem sobre o sistema elétrico", disse ele.
O presidente decidiu trocar o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, mudança essa anunciada na sexta-feira à noite que causou forte reação do mercado financeiro com ações da companhia e de outras estatais brasileiras registrando forte queda no início da semana.
Em solenidade no Palácio do Planalto de sanção do projeto que concede autonomia do BC, Bolsonaro fez um novo afago ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi fiador da ida de Castello Branco para a Petrobras. Chamou Guedes de "âncora" do governo.
Guedes participou da solenidade, mas não discursou. Até a cerimônia, o ministro não havia dado qualquer declaração pública desde a troca do comando da estatal petrolífera.
O presidente negou novamente ter interferido no comando da Petrobras.
"Eu não interferi, minha querida imprensa. O prazo de validade do senhor Castello Branco --que fez uma boa gestão na Petrobras-- termina agora dia 20, simplesmente resolvi substituí-lo. Logicamente porque é uma pessoa que está bastante cansada, uma certa idade e com toda a certeza poderá ajudar até remotamente a transição do seu novo presidente da Petrobras", afirmou.
IRMÃOS SIAMESES
Na solenidade, que contou com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre, o presidente destacou a parceria com o Legislativo para avançar em sua agenda.
"Nós, Executivo e Legislativo, somos irmãos siameses, nada podemos fazer sem estar perfeitamente alinhados um com o outro", destacou.
Após a solenidade, Bolsonaro seguiu pessoalmente com Arthur Lira à Câmara dos Deputados para entregar o projeto de lei do governo de privatização dos Correios. Na véspera, ele já havia feito isso ao entregar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), uma medida provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras (SA:ELET3).