(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro e parlamentares do PSL requereram nesta sexta-feira, por meio de advogados, informações sobre as finanças do partido, em um novo desdobramento na crise entre o presidente e a cúpula da legenda que atingiu novos patamares nesta semana.
Assinada pelos advogados Admar Gonzaga, Karina Kufa e Marcello Dias de Paula, a petição requer várias informações --desde a relação de fontes de receitas e identificação dos doadores, em nível municipal, estadual e federal, até a relação discriminada das atividades dos dirigentes partidários custeadas pelo partido, além de valor atualizado do montante disponível em caixa.
"Diante do exposto requeremos a exibição dos documentos no prazo de 5 (cinco) dias úteis, sem prejuízo de serem adotadas eventuais medidas judiciais", diz a petição.
Na terça-feira, Bolsonaro falou para um apoiador esquecer seu partido, o PSL, e afirmou que o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar, está "queimado para caramba".
Em meio a especulações sobre a saída de Bolsonaro do PSL, Gonzaga e Kufa disseram na quarta-feira que o presidente está desconfortável no partido.
Bolsonaro se reuniu naquele dia com um grupo de parlamentares que estão do lado "rebelde" do PSL e defendem o racha na sigla e os dois advogados. Na pauta, a discussão de uma estratégia para conseguir a desfiliação do presidente e dos parlamentares sem que o partido possa reivindicar os mandatos dos deputados.
Em conversa com jornalistas ao final do encontro, Gonzaga defendeu que a lei da fidelidade partidária prevê a "justa causa" para a desfiliação, como ofensas e falta de transparência. O pedido desta sexta-feira parece se inserir na estratégia da busca da "justa causa" para a saída do partido.
Na quarta-feira, Bolsonaro procurou minimizar a situação no PSL, afirmando que "briga de marido e mulher, de vez em quando acontece". Mas nesta tarde, em evento no Rio de Janeiro, ele disse que "o nosso partido é o Brasil".
(Por Alexandre Caverni, em São Paulo)