BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que, após se reunir com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, trabalhará para reabrir já na próxima semana o Colégio Militar de Brasília -- instituição de ensino da capital ligada ao governo federal --, em mais um gesto para pressionar o retorno das atividades no país.
"Não está batido o martelo ainda", ressalvou Bolsonaro, em entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada, ao contar que ainda vai discutir o assunto com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo.
Bolsonaro destacou que Ibaneis -- governador de uma das unidades da federação que mais cedo instituiu medidas drásticas de isolamento social -- também vai avaliar se abre na próxima semana as escolas cívico-militares.
No início do mês, o governador do DF editou um novo decreto suspendendo as aulas em escolas e faculdades até 31 de maio. As escolas no Distrito Federal estão fechadas desde 11 de março, e a intenção inicial do governador é que escolas e faculdades fossem os últimos a retomar as atividades regulares.
O presidente disse que vai conversar com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, para reabrir a Academia Nacional da Polícia Federal também na próxima semana. Essa instituição fica localizada em Brasília.
Bolsonaro afirmou que esse movimento vai ser natural e gradual e que as coisas têm que voltar ao normal.
Ibaneis foi um dos poucos entre os 27 governadores que não assinaram uma carta dos chefes de Executivo estaduais em apoio à atuação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na pandemia do novo coronavírus. O Congresso, principalmente Maia, tem sido alvo de críticas de Bolsonaro.
O presidente disse ter se reunido nesta segunda com o recém-nomeado ministro da Saúde, Nelson Teich. Afirmou que ele pretende ter dados antes de falar sobre isolamento social.
Bolsonaro destacou que a intenção do governo federal é auxiliar os entes regionais, mas ressalvou que esse respaldo não pode ser para sempre. "A nossa intenção é ajudar economicamente, mas ajudar até quando?", questionou.
O presidente disse que, em média, 70% da população vai pegar coronavírus e ninguém contesta esse percentual.
O Brasil ultrapassou nesta segunda os 40 mil casos, com 2.575 mortes.
(Reportagem de Ricardo Brito)