Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Enquanto a atual equipe do Ministério da Saúde prepara sua saída para os próximos dias, o presidente Jair Bolsonaro encontrou-se nesta quinta-feira com o oncologista Nelson Teich, um dos cotados para substituir o ministro Luiz Henrique Mandetta.
Em reunião pela manhã que não foi colocada na agenda oficial da Presidência, o médico foi recebido por Bolsonaro e ministros palacianos, disseram duas fontes com conhecimento do encontro.
Participaram os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto; da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; e da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, além do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, que é um dos defensores do nome de Teich.
O oncologista chegou a ser cogitado para o cargo de ministro a Saúde em 2018, ainda no período do governo de transição, quando Bolsonaro escolhia seu ministério. O então presidente-eleito, optou, no entanto, pelo ex-deputado Mandetta, que foi indicação da Frente Parlamentar da Saúde.
Em um artigo publicado na rede LinkedIn, Teich defendeu medidas para conter a epidemia de coronavírus semelhantes às que o ministério está adotando atualmente, que são contrariadas por Bolsonaro e estão por trás da provável troca de Mandetta.
O oncologista destaca a necessidade de "reduzir o volume de entrada simultânea" no Sistema Único de Saúde --o chamado achatamento da curva-- e do isolamento horizontal.
"Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento", escreveu o médico, que também apresenta restrições ao chamado isolamento vertical, defendido por Bolsonaro.
Teich fala ainda em um isolamento "inteligente", com testagem em massa e monitoramento de aglomerações -- não por coincidência, o mesmo foi defendido pelo vice-presidente Hamilton Mourão esta semana.
O oncologista, que é próximo do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, de quem foi sócio, chegou a ser consultor da secretaria até janeiro deste ano.
Sem citar o nome dele, Mandetta comentou, em uma live com o Fórum de Inovação Saúde (FIS) nesta manhã, sobre "um dos nomes que está saindo aí" como cotado para substituí-lo.
"O Denizar conhece bem, eu também o conheci em Londres, é um pesquisador. Mas não conhece bem o SUS. Não tem problema, o Denizar ajuda. Ninguém precisa sair em solidariedade, não tem isso", disse o ministro.
De acordo com uma fonte, outros nomes cotados para o cargo devem conversar com o presidente nos próximos dias.
Um deles é o oftalmologista Claudio Lottenberg, presidente do conselho de administração do Hospital Albert Einstein, que deve encontrar Bolsonaro na sexta-feira.
Outro nome que tem surgido é o da a cardiologista e pesquisadora Ludhmila Hajjar, diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia.