Por Andrew MacAskill e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - O Partido Conservador, do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, perdeu o controle de redutos tradicionais em Londres e sofreu reveses em outros nas eleições locais, em que eleitores puniram seu governo por uma série de escândalos.
Após os primeiros resultados indicarem que Johnson, ex-prefeito de Londres, estava perdendo apoio no sudeste da Inglaterra, seus apoiadores agiram rapidamente na sexta-feira para dizer que não era hora de derrubar um líder que, segundo eles, ainda pode "fazer as coisas" para ajudar a economia.
O partido de Johnson foi superado em Wandsworth, um reduto conservador desde 1978, parte de uma tendência na capital britânica onde os eleitores usaram as eleições para expressar irritação por uma crise de custo de vida e multas impostas ao primeiro-ministro por quebrar suas próprias regras de lockdown da Covid-19.
Pela primeira vez, o Partido Trabalhista, de oposição, conquistou o conselho de Westminster, distrito onde está localizado a maioria das instituições governamentais. Os conservadores também perderam o controle do bairro de Barnet, que foi mantido pelo partido em quase todas as eleições desde 1964.
"Resultado fantástico, absolutamente fantástico. Acredite em mim, este é um grande ponto de virada para nós das profundezas das eleições gerais de 2019", disse o líder trabalhista Keir Starmer aos apoiadores do partido em Londres.
A contagem geral prevista para sexta-feira oferecerá o retrato mais importante da opinião pública desde que Johnson conquistou a maioria parlamentar mais expressiva do Partido Conservador em mais de 30 anos na votação nacional de 2019.
O pleito local é um teste eleitoral para Johnson desde que ele se tornou o primeiro líder britânico de que se tem memória a ter infringido a lei enquanto estava no cargo. Ele foi multado no mês passado por participar de uma reunião de aniversário em seu gabinete em 2020, violando as regras de distanciamento social então em vigor para conter a propagação da Covid.
A perda de conselhos importantes em Londres, onde os conservadores foram quase exterminados, aumentará a pressão sobre Johnson, que luta por sua sobrevivência política há meses e enfrenta a possibilidade de mais multas policiais por sua participação em outras reuniões de quebra de lockdown.
Mas com indicações de que o apoio ao seu partido se manteve em áreas do centro e norte da Inglaterra que apoiaram a saída da União Europeia em 2016, alguns conservadores disseram que os críticos de Johnson provavelmente não teriam os números para desencadear um desafio à sua liderança, por enquanto.
As eleições realizadas na quinta-feira decidirão quase 7.000 assentos no conselho, incluindo todos os de Londres, Escócia e País de Gales, e um terço dos assentos na maior parte do restante da Inglaterra.