BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que o governo estuda medidas adicionais de crédito para micro e grandes empresas, após ter lançado um programa de financiamento à folha que contempla as pequenas e médias.
"A gente também está estudando o que fazer para cima, empresas maiores, e aí vai ser uma análise mais setorial, e o objetivo não é falar sobre isso aqui, mas algumas medidas vão sair", disse ele, em coletiva no Palácio do Planalto.
"E para baixo também, que é empresas que têm rendimento abaixo dos 360 mil até os trabalhadores informais, também estamos olhando isso", completou.
Campos Neto ressaltou que o programa de financiamento à folha, que contemplará negócios com faturamento anual de 360 mil reais a 10 milhões de reais, começará a ser operacionalizado nesta semana.
O empréstimo de dois meses para pagamento dos salários será bancado por recursos do Tesouro, com 34 bilhões de reais, e dos bancos, com 6 bilhões de reais. Segundo o presidente do BC, a parte do Tesouro deverá ser transferida nesta terça-feira ao BNDES, que organizará o repasse às instituições financeiras.
Ele defendeu que o Brasil lançou um pacote vultoso de medidas para combater os efeitos da disseminação do novo coronavírus e disse que os recursos vão chegar rápido a empresas e famílias na comparação com o que está acontecendo no restante do mundo.
Campos Neto também fez um apelo para que todos cumpram contratos em meio à crise, ressaltando que quando isso não acontece a recuperação econômica é "muito mais lenta e dolorosa".
"Sei que existe ansiedade muito grande de todos para que recurso chegue rápido na ponta, mas gostaria de dizer que, se a gente comparar o Brasil com o resto do mundo, nós fomos rápidos, eficientes e grandes", afirmou ele.
Segundo Campos Neto, o programa de pagamento feito nos Estados Unidos para enfrentamento dos impactos do Covid-19 na economia tem um período de análise de 30 dias.
"Ele foi anunciado em 17/3, foi aprovado em 25/3, os primeiros pagamentos saem a partir de 15 de abril e 20% dos cheques, a partir de 4 de maio. Nós vamos fazer um 'delivery' bem mais rápido do que isso", afirmou.
Em sua fala, Campos Neto também disse que o BC vê a necessidade de "condições monetárias estimulativas, sempre de olho no canal de crédito".
(Por Marcela Ayres e Gabriel Ponte)