(Reuters) - O pacote de ajuda emergencial de cerca de 2 trilhões de dólares que está sendo negociado no Congresso norte-americano está "bem dimensionado" para combater os efeitos econômicos que podem deixar até 46 milhões de desempregados até que o surto de coronavírus esteja sob controle, afirmou o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, nesta quarta-feira.
Em uma série de entrevistas diretas à mídia nos últimos dias, Bullard disse que os Estados Unidos devem estar preparados para simplesmente "se aquietar" no período de abril a junho, usando programas públicos para manter famílias e empresas financeiramente estáveis e sem pressa de voltarem ao trabalho até a ameaça do vírus passar.
Qualquer cronograma, disse, "depende do vírus", com o final do verão e o outono no Hemisfério Norte possivelmente permitindo uma transição de volta a uma reabertura econômica total dos EUA e o final do ano e o início de 2021 oferecendo a chance de um "boom", com pessoas e empresas compensando gastos atrasados.
Esse cronograma e as sóbrias estimativas econômicas de Bullard contrastam com a atitude mais apressada do presidente Donald Trump, que diz esperar que a economia possa estar "rugindo" até a Páscoa, em cerca de duas semanas e meia --mesmo num momento em que a epidemia ameaça prejudicar os sistemas de saúde pública.
O objetivo dos maciços programas de apoio econômico aprovados pelo Fed e aperfeiçoados no Congresso é tornar desnecessária qualquer pressa para voltar à normalidade, disse Bullard, permitindo que o impacto econômico seja absorvido no segundo trimestre do ano e preparando o cenário para uma recuperação.
Bullard disse que o foco agora deve ser a implantação dos benefícios o mais rápido possível, para que famílias e empresas não fiquem sem o dinheiro necessário para pagar itens essenciais e cumprir com o aluguel, hipotecas e outras obrigações.
"Provavelmente colocamos no lugar as coisas que precisam ser implementadas", disse Bullard sobre os passos históricos que o Fed tomou nas últimas duas semanas e que o Congresso deve aprovar em breve.
"O maior problema agora... é executar de uma maneira que deixe as empresas intactas e mantenha os trabalhadores com salário suficiente para cobrir as despesas."
Nos últimos dias, Bullard divulgou estimativas chocantes do que pode acontecer nas próximas semanas à medida que o "distanciamento social" --uma tentativa de conter a disseminação do vírus-- fecha grande parte da economia norte-americana.
Talvez metade da produção esperada seja perdida no período de abril a junho, um impacto na faixa de 2,5 trilhões de dólares, disse ele, e até 46 milhões de vagas de emprego "voltadas para o público" sejam perdidas, pelo menos temporariamente.
(Reportagem de Howard Schneider)