Por Noreen Burke e Ana Julia Mezzadri
Investing.com -- As preocupações com a inflação elevada devem continuar em destaque na próxima semana, com os investidores atentos aos próximos dados de vendas de varejo dos EUA junto com os resultados dos principais varejistas, inclusive o Walmart (NYSE:WMT) (SA:WALM34).
Espera-se que o mais recente conjunto de dados econômicos da China na segunda-feira confirme uma desaceleração na sua recuperação econômica, enquanto a Europa vivencia um novo aumento nas infeções por Covid-19. Enquanto isso, os números do emprego no Reino Unido serão observados com atenção após o Banco da Inglaterra ter dito que queria mais provas de melhoria no mercado de trabalho quando surpreendeu os mercados e não elevou as taxas de juros no início desse mês, como amplamente esperado.
Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana.
1. Vendas no varejo dos EUA
O destaque do calendário econômico da semana serão os dados relativos às vendas no varejo de outubro, que serão divulgados na terça-feira, sendo que os economistas antecipam um aumento de 1,1%, após um aumento de 0,7% em setembro.
A inflação dos EUA aumentou para o mais alto nível em mais de trinta anos em meio a uma crise global da cadeia de fornecimento, sendo que os dados da sexta-feira mostraram que o sentimento do consumidor caiu neste mês para o seu patamar mais baixo em uma década, à medida que os preços mais elevados deterioraram os padrões de vida.
Os investidores apostam que o Federal Reserve terá que aumentar as taxas de juros antes do que o hoje indicado, a fim de conter a espiral de alta da inflação.
O calendário econômico também inclui dados sobre a produção industrial na terça-feira, relatórios sobre construção de novas casas e licenças de construção na quarta-feira e os números semanais sobre pedidos iniciais de auxílio-desemprego na quinta-feira.
No Brasil, serão divulgados nesta semana o Boletim Focus, o IBC-Br, o fluxo cambial e a receita tributária federal.
2. Balanços
A temporada de ganhos do terceiro trimestre está prestes a acabar, mas os investidores dos EUA receberão uma atualização adicional sobre a força dos gastos dos consumidores esta semana, com a divulgação dos resultados dos principais varejistas incluindo Home Depot Inc (NYSE:HD) (SA:HOME34), Walmart, Target (NYSE:TGT) (SA:TGTB34), e Macy’s (NYSE:M) (SA:MACY34).
Os anúncios de resultados estarão sujeitos a uma análise extra às vésperas do início da temporada de compras de fim de ano, com os investidores atentos às projeções dos varejistas a fim de definir se a inflação vai abocanhar os lucros ou será repassada aos consumidores.
A temporada de resultados do terceiro trimestre tem sido positiva no geral. A Reuters publicou que, na sexta-feira, 459 das empresas do S&P 500 haviam divulgado seus resultados, com 80% deles superando as previsões dos analistas.
No Brasil, a temporada de balanços perde força, mas alguns resultados importantes serão divulgados. O mercado olhará com atenção para os números de Banco Inter (SA:BIDI11), Vibra Energia (SA:VBBR3), Marfrig (SA:MRFG3), Unidas (SA:LCAM3), Eletrobras (SA:ELET3), Méliuz (SA:CASH3) e Ânima (SA:ANIM3), entre outras empresas.
3. Desaceleração da China
A recuperação na segunda economia do mundo está enfraquecendo e os dados de segunda-feira, que incluem relatórios sobre vendas do varejo, investimento em ativos imobilizados e produção industrial, devem confirmar isso. A perda de impulso na China, um motor crítico para o crescimento global, está lançando uma sombra sobre o ritmo desigual com que a economia mundial se recupera da pandemia.
A recuperação na China foi afetada por uma abordagem agressiva no sentido de conter surtos de Covid-19, além de uma crise de dívida maciça no setor imobiliário do país e uma crise energética que impactou a atividade industrial.
Os analistas consideram que o banco central do país deverá adotar uma abordagem cautelosa no sentido de afrouxar a política monetária a fim de fortalecer a economia, enquanto o crescimento se desacelera, junto com preocupações crescentes com a inflação dos os combustíveis em uma estagflação.
Enquanto isso, o Presidente dos EUA, Joe Biden, vai realizar uma reunião virtual com o líder chinês Xi Jinping na segunda-feira, em meio a crescentes tensões entre as duas maiores economias do mundo. No entanto, os oficiais norte-americanos têm minimizado as esperanças de avanços no comércio.
4. Dados de emprego do Reino Unido
O BoE indicou que quer mais informações sobre a força do mercado de trabalho do Reino Unido antes de aumentar as taxas de juros pela primeira vez desde o início da pandemia, de modo que o mais recente relatório sobre postos de trabalho de terça-feira estará em evidência.
Os dados relativos ao emprego em outubro mostrarão se houve um aumento no desemprego após o vencimento do regime de subsídios salariais durante a pandemia, no final de setembro.
Os dados do emprego serão seguidos pelos números da inflação na quarta-feira e os de vendas do varejo na sexta-feira. Com a expetativa de que a inflação continue a acelerar por enquanto, o BoE pode ir adiante com uma elevação das taxas de juros na sua reunião de dezembro, salvo alguma fraqueza inesperada nos dados do mercado de trabalho.
5. A volta da pandemia atinge a Europa
A Europa está assistindo um ressurgimento da pandemia de Covid-19, contribuindo para a já frágil recuperação econômica da região.
A Europa é responsável por mais de metade das infeções globais na média de 7 dias e por cerca de metade das mortes mais recentes, de acordo com dados compilados pela Reuters. Estes são os níveis mais elevados desde abril do ano passado, quando o vírus estava no seu pico inicial na Itália.
Vários países, incluindo os Países Baixos, a Alemanha, a Áustria e a República Checa, estão implementando restrições ou planejando novas medidas para frear a propagação.
A Holanda entrou em um lockdown parcial de três semanas no sábado, o primeiro na Europa Ocidental desde o verão do hemisfério norte. A Alemanha reintroduziu testes gratuitos de Covid-19 no sábado e a Áustria deve decidir no domingo se impõe ou não um lockdown para as pessoas que não estão vacinadas.
-- a Reuters contribuiu para este artigo