Por David Shepardson e Ben Klayman
WASHINGTON/DETROIT (Reuters) - A principal assessora econômica da Casa Branca, Lael Brainard, apresentou nesta segunda-feira o plano do governo de Joe Biden para proteger o setor automotivo dos Estados Unidos do que considera as ações comerciais injustas da China.
"A China está inundando os mercados globais com uma onda de exportações de automóveis devido ao seu próprio excesso de capacidade. Vimos um manual semelhante no choque da China no início dos anos 2000, que prejudicou nossas comunidades de manufatura, e este governo está determinado a não ver um segundo choque da China", disse Brainard ao Detroit Economic Club.
"Isso significa colocar salvaguardas em prática agora, antes que uma enxurrada de automóveis em condições injustas prejudique a capacidade do setor automotivo dos EUA de competir de forma justa em um cenário global", acrescentou ela no evento de Detroit.
Atualmente, poucos carros e caminhões fabricados na China são importados para os Estados Unidos.
Nesta segunda-feira, o Departamento de Comércio dos EUA propôs a proibição de software e hardware chineses em veículos conectados nas ruas do país devido a preocupações com a segurança nacional, uma medida que efetivamente impedirá a entrada de quase todos os carros chineses nos mercado norte-americano.
"Os norte-americanos devem dirigir qualquer carro que escolherem - seja a gasolina, híbrido ou elétrico", disse Brainard. "Mas, se optarem por dirigir um veículo elétrico, queremos ter certeza de que ele foi fabricado nos Estados Unidos, e não na China."
Os comentários de Brainard foram feitos no momento em que o destino da indústria automotiva e a pressão da China se tornaram um tema importante na eleição presidencial deste ano, com o candidato republicano Donald Trump sugerindo que a China poderá dominar o setor.
No início deste mês, o governo Biden impôs aumentos acentuados nas tarifas sobre as importações chinesas, incluindo uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos.
Além disso, a Casa Branca pretende garantir que os fabricantes de automóveis chineses não possam instalar fábricas no México para contornar as altas tarifas dos EUA.
"Precisaremos trabalhar com nossos parceiros, Canadá e México, para lidarmos com o excesso de capacidade da China nos veículos elétricos, à medida que nos aproximamos da revisão intermediária do USMCA em 2026", disse Brainard citando o acordo comercial entre EUA, México e Canadá.
A assessora econômica da Casa Branca disse que as autoridades norte-americanas já estão conversando com o governo do México e que o país compartilha das preocupações dos EUA com relação ao fato da China usar o México como uma plataforma de exportações para os EUA a preços artificialmente baixos, disse ela.
Questionada sobre a possibilidade de uma montadora chinesa construir fábricas nos EUA, Brainard disse que isso aconteceria "com um conjunto de salvaguardas que estamos colocando em prática agora, antes de enfrentarmos esses problemas".