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Cautela global sobre o sistema financeiro; Brasil pode ser afetado?

Publicado 15.03.2023, 16:11
© Reuters.
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Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – Os mercados mundiais estão em clima de cautela com receio de um risco bancário sistêmico. Nesta quarta-feira, 15, o nervosismo com a resiliência do sistema financeiro aumentou com temores de problemas do Credit Suisse (SIX:CSGN), em somatório com o colapso dos americanos Sillicon Valley Bank e Signature Bank. O Credit Default Swap (CDS) do Credit Suisse, que representa o custo de garantir seus títulos contra a inadimplência no curto prazo, teve um salto histórico, em alta de mais de 800 pontos-base, o que não era visto desde 2003. Segundo analistas consultados pelo Investing.com Brasil, os eventos pontuais não afetam o Brasil diretamente, mas a história pode mudar se a crise se dissipar a nível internacional.

A disparada no CDS do banco suíço representa mais de 14 vezes a média de 20 anos, de acordo com a Bloomberg, indicando aumento expressivo da cautela sobre a inadimplência bancária. Tudo isso antes de decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) nesta semana e do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos na semana que vem, assim como do Brasil.

Na visão do economista André Perfeito, que falou ao portal em entrevista, não há muito risco de contágio para o Brasil. “O sistema financeiro brasileiro, pelo menos o tradicional, é sempre mais sólido do que em outros lugares porque possui um ativo maravilhoso, que é a dívida pública brasileira, que paga juros muito bons e tem uma garantia muito elevada. São bancos que não estão muito expostos a risco, como o SVB, por exemplo, que emprestava a startups, projetos altamente arriscados”.  Para Perfeito, um teste de estresse do sistema já foi feito, com a alta na Selic de 2% ao ano para 13,75%. “Aqui, ninguém quebrou. O que mostra uma certa resiliência. Além disso, a perspectiva local é de queda na taxa de juros. Não vejo risco de contágio. No entanto, isso muda se começar uma quebradeira lá fora, o que não acho que vai acontecer”.

Também em entrevista, André Roncaglia, professor de economia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avaliou que o risco de contágio no Brasil é limitado, porque o Credit Suisse possui alcance restrito no mercado local. “O mercado brasileiro é muito mais regulado, até porque temos número de bancos muito menor, concentrado em grandes instituições”. Problemas na gestão do Credit Suisse e nos relatórios não são atuais, mas o temor com outros bancos reverbera a falta de confiança no sistema. “Se a fragilidade do Credit Suisse se transformar em uma crise financeira, na medida em que vários bancos grandes já estão procurando proteção e o pânico pode se instalar em diferentes instituições, o resultado do início de uma crise financeira internacional pode fazer com que haja muita fuga de capital do Brasil e isso pode obrigar o Banco Central a elevar a taxa de juros para proteger o real de um choque extremo de desvalorização cambial”, comenta o professor. Uma possível deterioração financeira afetaria o setor empresarial, agravando a confiança, emprego e renda. Dificilmente pode haver impactos no sistema bancário, completa o professor.

Credit Suisse reforça preocupação com crise bancária

O Credit Suisse, segundo maior banco suíço, que já enfrentava dificuldades financeiras antes do fechamento da instituição americana Silicon Valley Bank, viu suas ações derreterem, recuando dois dígitos nesta quarta-feira, 15, com o CDS ultrapassando as máximas. Outros bancos seguiram a derrocada com a fuga dos investidores diante da crise.

Em nota aos clientes e ao mercado, o banco afirmou contar com problemas significativos no balanço, mas o principal acionista do grupo, o Saudi National Bank, se recusou a oferecer maior assistência financeira devido a questões regulatórias.  No ano passado, o banco saudita adquiriu parcela de quase 10% do banco, com a participação do aumento de capital. O comprometimento, na época, foi de investir até 1,5 bilhão de francos suíços na instituição financeira. O Credit Suisse ainda tenta se recuperar diante da falta de confiança com escândalos, resultando em saídas de recursos de clientes. Por outro lado, o concorrente suíço UBS se beneficia da crise, com mais fluxos de capital.

Na visão do economista-chefe da Roubini Macro Associated, Nouriel Roubini, conhecido como Doutor Catástrofe pelas projeções pessimistas, o Credit Suisse “pode ser grande demais para ser salvo” e uma possível quebra do banco representaria um "momento Lehman Brothers”.

Em análise divulgada ao mercado, o economista Pablo Bittencourt, da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), disse acreditar que as crises sistêmicas começam “com alguns bancos e instituições financeiras entrando em dificuldades e arrastando as demais”. Os investidores estão mais atentos a balanços dos bancos, tornando os acionistas mais sensíveis a essa análise, detalha Bittencourt, que é professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Estamos vendo movimentos de depositários saindo de bancos de pequeno e médio porte e indo para bancos maiores, é um medo tomando conta das ações de curto prazo”. Com aversão ao risco, o primeiro impacto se a situação piorar, seria a saída de mercados emergentes, incluindo o Brasil, mas ainda é cedo para indicar uma tendência como essa.

Falências nos EUA deram início ao clima de alerta

Se os agentes nos mercados não estavam ansiosos o suficiente para a próxima decisão de política monetária dos Estados Unidos, que ocorre na quarta-feira, 22, a situação mudou desde a última semana.  

Na sexta-feira, 10, o Silicon Valley Bank, conhecido como o banco das startups, foi fechado após uma corrida de saques de clientes. O SVB estava entre as principais instituições bancárias americanas, com fornecimento de crédito voltado a empresas do “Vale do Silício”.  O SVB foi o primeiro, mas não o último. No domingo, 11, foi a vez do Signature Bank, que atua no setor de criptomoedas, ser tomado pelos controladores.

Ambos os bancos possuem garantias do FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) - um fundo semelhante ao Fundo Garantidor de Crédito brasileiro -, que garante um seguro de até US$ 250 mil por cliente.

A maior parte dos ativos no SVB passava desse montante e não estava coberta pelo seguro. Para evitar um caos generalizado, o Fed resolveu intervir e afirmou, em conjunto com o Tesouro, que as instituições governamentais devem assegurar integralmente os depósitos do SVB, assim como aqueles que eram superiores ao limite estabelecido pelo FDIC, evitando uma crise de confiança maior no sistema bancário e uma corrida generalizada.

Tanto o Departamento de Justiça quanto a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), estão investigando o colapso, incluindo vendas de ações de diretores do SVB Financial Group dias antes da falência.

Os bancos foram vítimas de circunstâncias, na visão do copresidente do Morgan Stanley (NYSE:MS), Ted Pick, pois os aumentos nas taxas de juros pelas autoridades monetárias para conter as pressões nos preços resultaram em surtos de estresse, com aperto das condições financeiras.

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