Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), Roberto Sallouti, disse nesta terça-feira que está "um pouco preocupado" com o cenário fiscal do Brasil, em sua visão muito dependente do aumento da arrecadação.
"Estou ainda um pouco preocupado com o cenário fiscal do Brasil. O governo está contando muito com incremento da arrecadação. Eu gostaria que também se focasse nos gastos", disse Sallouti, durante painel na Conferência Anual Santander, em São Paulo.
Sallouti afirmou ainda que o país não caminha para uma trajetória de dívida cadente, o que em algum momento terá que ser debatido pela sociedade.
Ao mesmo tempo, o presidente do BTG afirmou que a "grande ameaça" para a retomada do mercado de capitais, vista atualmente pela instituição, vem do exterior, mais especificamente dos Estados Unidos e da China.
"O que me preocupa muito hoje é o desaquecimento da China e o que está acontecendo com a taxa de juros nos EUA", comentou.
Nas últimas semanas, uma série de dados econômicos e notícias vindas da China influenciaram negativamente os mercados globais, em meio às dificuldades do gigante asiático em reaquecer sua economia. No foco das tensões estão o setor imobiliário chinês.
No caso dos EUA, as dúvidas pairam em torno do futuro da política monetária do Federal Reserve, em um ambiente de inflação ainda acelerada.
JUROS NO BRASIL
No mesmo evento, o presidente do Santander Brasil (BVMF:SANB11), Mario Leão, defendeu que o ciclo de corte de juros, iniciado pelo Banco Central no início do mês, seja duradouro. O BC cortou a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, e sinalizou a intenção de promover novas reduções na mesma magnitude nas próximas reuniões.
"A tese pela qual juro algo é bom para banco não é verdade. Tem uma parte do portfólio que se beneficia sim, mas juro alto freia a economia e aumenta o custo de financiamento", disse Leão.