Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A pobreza no Brasil caiu no ano passado e cerca de 8,7 milhões de pessoas deixaram de viver nessa condição no país, reduzindo esse contingente ao menor patamar da série histórica iniciada em 2012, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mesmo assim, o Brasil ainda tinha 59 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza definida pelo Banco Mundial (6,85 dólares por dia por pessoa), de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE.
Entre 2022 a 2023, o percentual da população do país com rendimento domiciliar abaixo da linha de pobreza recuou de 31,6% para 27,4%, atingindo a menor proporção desde o início da série histórica.
A pesquisa apontou ainda que de um ano para o outro a proporção da população do país com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de extrema pobreza (2,15 dólares por dia por pessoa) recuou de 5,9% para 4,4%. Essa foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo de 5%.
Dessa forma, de acordo com a pesquisa, a população brasileira na extrema pobreza recuou de 12,6 milhões de pessoas para 9,5 milhões, também o menor contingente desde 2012. Em um ano, cerca de 3,1 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza.
O levantamento indicou que essa redução da pobreza no país foi reflexo direto dos programas de transferência de renda e assistência social do governo federal.
De acordo com o IBGE, sem os programas sociais a parcela de pessoas na extrema pobreza em 2023 teria subido de 4,4% para 11,2%, e o percentual da população na pobreza teria avançado de 27,4% para 32,4%.
A pesquisa indicou ainda que entre 2022 e 2023 subiu de 25,8% para 27,9% a proporção de pessoas que viviam em domicílios beneficiados por programas sociais.
O IBGE acrescentou ainda que a queda do desemprego e a maior ocupação também influenciaram na redução da pobreza no país em 2023. Dentre as pessoas que estavam trabalhando em 2023, menos de 1% eram consideradas extremamente pobres, ao passo que entre os desocupados essa parcela chegou a 14,6%.
A redução da pobreza, no entanto, não foi suficiente para diminuir a forte desigualdade social no Brasil. Em 2023, o índice de Gini que mede a desigualdade ficou estável ante 2022.
No ano passado, os 10% com os maiores rendimentos no país tinham uma renda 3,6 vezes maior do que a dos 40% com os menores rendimentos.