Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O PSDB deve deixar de ser o partido "do muro" e adotar posições claras, disse nesta quarta-feira o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ao reiterar que a sigla agora fará oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro e a voltar a defender que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) deixe a legenda.
Doria reafirmou que a decisão do partido de fazer oposição ao governo federal foi tomada em jantar oferecido por ele na segunda-feira e disse que, das 11 outras lideranças tucanas presentes, todas concordaram com esta posição defendida por ele.
"O PSDB não pode ser um partido vacilante, tem que ser um partido de decisões e de posições claras. O PSDB tem que ser um partido com lado e é o lado do povo, da população, não é o lado do governo errático de Jair Bolsonaro", afirmou Doria, que disse ainda que a posição defendida por ele foi previamente acertada com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra da legenda.
"Chega de PSDB do muro! Um partido que não tem postura e não tem coragem para defender aquilo que deve defender. Esta é a minha posição como governador de São Paulo e desta posição eu não me demoverei", acrescentou.
Doria, desafeto político e provável adversário de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, afirmou novamente que Aécio liderou a dissidência na bancada federal tucana a favor de Arthur Lira (PP-AL), candidato que venceu a disputa pela eleição na Câmara dos Deputados com apoio do Palácio do Planalto, e disse que o parlamentar mineiro deve aderir à posição oposicionista do PSDB ou deixar o partido.
"O partido está de outro lado, o lado completamente oposto ao deste negacionista chamado Jair Bolsonaro", disse.
DEM
O governador paulista, que vinha se aproximando do DEM e do MDB em uma tentativa de articulação com vistas a uma aliança em 2022, se reuniu com o presidente do DEM, ACM Neto, na terça após um racha interno na legenda também por causa da disputa eleitoral na Câmara.
Doria disse que o encontro foi produtivo e que ACM Neto lhe garantiu que o DEM não apoia e não apoiará o governo Bolsonaro.
"O jantar foi positivo, foi sereno, foi equilibrado e a informação mais importante que nós desejávamos ouvir, ouvimos do presidente do DEM, quando ele afirmou taxativamente, cabalmente, que o DEM não apoia e não apoiará o governo Jair Bolsonaro. Nem neste momento, nem no futuro para o programa sucessório", afirmou.
Em nota após a entrevista de Doria, a Executiva Nacional do DEM afirmou que ACM Neto voltou a dizer que não permitirá qualquer debate interno sobre o processo eleitoral de 2022 neste momento.
"Os membros do DEM estão focados em discutir a agenda de demandas urgentes para o Brasil", diz a nota.
O texto divulgado afirma ainda que "o Democratas mantém sua posição de independência em relação ao governo federal, não estando sequer sob discussão partidária, qualquer posição diferente desta."
(Edição de Alexandre Caverni)