Por Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A China adotará mais estímulo para sustentar uma economia em desaceleração este ano, mas as preocupações com a dívida e a fuga de capital devem direcionar as medidas para melhorar a demanda nos setores privado e de consumo, disseram fontes envolvidas nas discussões.
A segunda maior economia do mundo tropeçou em maio, com dados divulgados nesta quinta-feira mostrando o crescimento da produção industrial e das vendas no varejo abaixo das previsões, aumentando os sinais de que a recuperação pós-pandemia está perdendo força rapidamente.
O gabinete da China está solicitando propostas de economistas e assessores, disseram as fontes à Reuters, sendo que grandes mudanças precisam da aprovação dos principais líderes do partido e investidores agora aguardam uma reunião do Politburo prevista para julho em busca de pistas sobre a direção política econômica.
Embora o banco central tenha reduzido nesta semana os custos de empréstimos, fontes dizem que estímulo fiscal será necessário para reativar a atividade, com foco particular em subsídios às famílias e maior emissão de títulos para sustentar o investimento.
No entanto, as autoridades permanecerão cautelosos com medidas agressivas de apoio ao setor imobiliário, evitando estimular investimentos especulativos, especialmente nas grandes cidades, após um grande excesso de oferta no setor.
"Os cortes nas taxas são necessários, mas para torná-los eficazes, precisamos contar com a política fiscal para impulsionar o investimento e precisamos da política imobiliária para liberar a demanda", disse uma fonte que pediu anonimato devido à sensibilidade do assunto.
O banco central da China cortou nesta quinta-feira a taxa de juros de sua linha de crédito de médio prazo de um ano, a primeira vez em 10 meses, abrindo caminho para cortes nas taxas básicas de empréstimo de referência (LPR) na próxima semana.
Outra fonte disse que um corte na taxa de compulsório do Banco do Povo da China é cada vez mais possível.
Em março, o banco central cortou o compulsório e uma pesquisa da Reuters em abril mostrou que os economistas esperavam que a taxa permanecesse inalterada pelo resto do ano.
No entanto, os cortes modestos nos custos dos empréstimos - limitados por preocupações com a lucratividade dos bancos e a estabilidade da moeda - não serão suficientes para impulsionar a atividade econômica, disseram especialistas.
O afrouxamento monetário também tem sido menos eficaz à medida que famílias e empresas privadas acumulam economias e reduzem empréstimos e gastos para reparar após três anos de restrições contra a Covid.
Os dados de quinta-feira mostraram que o investimento privado em ativos fixos caiu 0,1% em janeiro-maio em relação ao ano anterior, um forte contraste com o aumento de 8,4% no investimento do setor estatal.