Está claro que os esforços da China para aumentar a confiança em sua economia em desaceleração estarão no topo da agenda de seu Congresso Nacional do Povo, que se reúne nesta terça-feira, 5, em Pequim. O que ainda não está claro é como o Partido Comunista poderá navegar em direção a um crescimento mais forte e sustentado, tendo em vista que a força de trabalho da China está envelhecendo, as relações com os Estados Unidos estão tensas e a construção de moradias - um dos principais motores da economia - está em crise.
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As esperanças de uma recuperação forte e liderada pelo consumidor não se concretizaram após o fim dos severos protocolos de controle durante a pandemia. Os governos locais estão atolados em trilhões de dólares de dívidas e o investimento direto de empresas estrangeiras na China caiu cerca de 80% no ano passado.
Espera-se que o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, anuncie uma meta oficial de crescimento econômico no início do Congresso Nacional. A mídia estatal sugere que ela será de cerca de 5%, no mesmo nível do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,2% do ano passado. Muitos economistas estão prevendo um crescimento muito mais lento, de 4% ou menos. Em 2022, o crescimento caiu para 3%, o segundo nível mais baixo desde, pelo menos, a década de 1970.
O relatório anual de Li incluirá planos para "promover o desenvolvimento de alta qualidade e o avanço da modernização chinesa", segundo a agência oficial de notícias Xinhua. Muitos na China esperam que isso signifique mais gastos do governo, afirmou o Rhodium Group, uma empresa de pesquisa independente.
Com as dificuldades no mercado de trabalho, preços de moradias em queda e mercado acionário fraco, as famílias chinesas estão reduzindo seus gastos com o consumo. Para o especialista em economia chinesa e professor da Universidade de Pequim, Michael Pettis, resolver o problema da demanda doméstica impulsionada por consumo é crucial, mas envolverá uma maior redistribuição de renda pelo governo.
Algumas localidades chinesas estão tentando outra abordagem, criando programas de habitação a preços acessíveis que invistam em apartamentos desocupados. Essa medida pode combater a crescente desigualdade e liberar mais renda para gastos. "Acredito que deve ser uma combinação de medidas de curto e longo prazo", afirmou o economista-chefe da S&P Global para a região Ásia-Pacífico, Louis Kuijs. "Qualquer coisa que possa ser feita para dar impulso à economia será útil." Fonte: Associated Press.