China reage com força à guerra comercial global com tarifas sobre produtos dos EUA

Publicado 04.04.2025, 10:02
Atualizado 04.04.2025, 10:05
© Reuters. Porto em Kwai Chung, em Hong Kong, Chinan03/04/2025. REUTERS/Tyrone Siu

Por Mei Mei Chu e Susan Heavey e Philip Blenkinsop

PEQUIM/WASHINGTON/BRUXELAS (Reuters) - A China anunciou tarifas adicionais de 34% sobre os produtos norte-americanos nesta sexta-feira, a mais séria escalada em uma guerra comercial com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vem alimentando temores de uma recessão e desencadeou fortes perdas no mercado acionário global.

No impasse entre as duas maiores economias do mundo, Pequim também anunciou controles sobre as exportações de algumas terras raras e apresentou uma reclamação na Organização Mundial do Comércio.

O país adicionou 11 entidades à lista de "entidades não confiáveis", o que permite que Pequim tome medidas punitivas contra entidades estrangeiras, incluindo empresas ligadas à venda de armas para Taiwan, um país democraticamente governado que a China reivindica como parte de seu território.

Países que vão do Canadá à China prepararam retaliações em uma guerra comercial crescente depois que Trump elevou as barreiras tarifárias dos EUA ao seu nível mais alto em mais de um século nesta semana, levando a uma liquidação nos mercados financeiros mundiais.

O banco de investimentos JP Morgan disse que agora vê 60% de chance de a economia global entrar em recessão até o final do ano, em comparação com 40% anteriormente.

Os futuros das ações dos EUA caíam acentuadamente nesta sexta-feira, sinalizando mais perdas em Wall Street, depois que a China retaliou com novas tarifas um dia depois que as taxas do governo Trump apagaram US$2,4 trilhões do mercado acionário norte-americano.

"A China vem com uma resposta agressiva às tarifas de Trump", disse Stephane Ekolo, estrategista de mercado e ações da Tradition.

"Isso é significativo e é improvável que tenha acabado, daí as reações negativas do mercado. Os investidores estão com medo de uma situação de guerra comercial do tipo 'olho por olho'."

As ações das grandes empresas de tecnologia caíam nas negociações de pré-abertura, com empresas como a Apple (NASDAQ:AAPL) e a Nvidia (NASDAQ:NVDA) tendo grande exposição à China e a Taiwan para a fabricação de seus produtos.

No Japão, um dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba disse que as tarifas criaram uma "crise nacional" em meio a fortes perdas nas ações do setor bancário nesta sexta-feira.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, contestou na sexta qualquer colapso econômico, dizendo as repórteres que os mercados estavam reagindo à mudança e se ajustariam.

"As economias deles não estão em colapso. Os mercados deles estão reagindo a uma mudança dramática na ordem global em termos de comércio", disse ele em uma coletiva de imprensa em Bruxelas. "Os mercados vão se ajustar."

DIVISÕES E SINAIS CONTRADITÓRIOS

Com as ações europeias também caminhando para a maior perda semanal em três anos, o comissário de comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, falará com seus pares norte-americanos.

"Não vamos agir sem pensar - queremos dar às negociações todas as chances de sucesso para encontrar um acordo justo, para o benefício de ambos os lados", disse ele nas mídias sociais.

A UE está dividida sobre a melhor forma de responder às tarifas de Trump, inclusive sobre o uso de seu "Instrumento Anti-Coerção", que permite que o bloco retalie contra países que pressionem economicamente os membros da UE a mudar suas políticas.

Os países que estão cautelosos em retaliar e, assim, aumentar as apostas no impasse com os EUA incluem Irlanda, Itália, Polônia e as nações escandinavas.

O presidente da França, Emmanuel Macron, liderou o ataque na quinta-feira, pedindo às empresas que congelem os investimentos nos EUA.

No entanto, o ministro das Finanças da França, Eric Lombard, advertiu mais tarde contra contramedidas semelhantes às tarifas dos EUA, alertando que isso também afetaria os consumidores europeus.

"Estamos trabalhando em um pacote de respostas que podem ir muito além das tarifas, a fim de, mais uma vez, levar os EUA à mesa de negociações e chegar a um acordo justo", disse Lombard em uma entrevista à emissora BFM TV.

Houve mensagens conflitantes da Casa Branca sobre se as tarifas são permanentes ou uma tática para obter concessões, com Trump dizendo que elas "nos dão grande poder de negociação".

As empresas correram para se ajustar. A montadora Stellantis (NYSE:STLA) disse que demitirá temporariamente trabalhadores dos EUA e fechará fábricas no Canadá e no México, enquanto a General Motors (NYSE:GM) disse que aumentará a produção nos EUA.

A China está retaliando as tarifas de 54% impostas por Trump sobre as importações da segunda maior economia do mundo. A União Europeia está sujeita a uma tarifa de 20%.

"Outros talvez tenham aprendido suas lições (com o último mandato de Trump)", disse Eddie Kennedy, diretor da Bespoke Discretionary Fund Management.

"Eles estão revidando e dizendo que podemos jogar o mesmo jogo que vocês e que estamos em uma posição mais forte para negociar."

Outros parceiros comerciais, incluindo o Japão, Coreia do Sul, México e Índia, disseram que evitarão qualquer retaliação por enquanto, já que estão buscando concessões. O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido disse que estava trabalhando para chegar a um acordo econômico com os Estados Unidos.

Trump disse que as tarifas "recíprocas" são uma resposta às barreiras impostas aos produtos norte-americanos, enquanto as autoridades do governo disseram que as tarifas criarão empregos no setor de manufatura do país e abrirão mercados de exportação no exterior, embora tenham advertido que levará tempo para ver os resultados.

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