Taxas dos DIs caem após dados de inflação abaixo do esperado no Brasil e nos EUA

Publicado 24.10.2025, 16:46
Atualizado 24.10.2025, 16:49
© Reuters.

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em baixa, com a curva refletindo a percepção de que o Banco Central está mais próximo de cortar a Selic, após a divulgação de índices de inflação abaixo do esperado no Brasil e nos Estados Unidos.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,09%, em baixa de 7 pontos-base ante o ajuste de 13,164% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,515%, em queda de 9 pontos-base ante o ajuste de 13,602%.

No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 -- considerado uma espécie de prévia da inflação oficial -- teve alta de 0,18% em outubro, depois de ter subido 0,48% no mês anterior. O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,25%.

A taxa do IPCA-15 em 12 meses até outubro foi a 4,94%, abaixo dos 5,32% de setembro e da projeção de 5,01% dos economistas.

A abertura do indicador também trouxe alguns sinais positivos, como a queda de 53,1% para 50,95% do índice de difusão, que mostra a proporção de itens do IPCA-15 em alta.

O IPCA-15 abaixo do esperado abriu espaço para o recuo das taxas dos DIs, em movimento reforçado ainda no início do dia pela divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em setembro.

O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o CPI avançou 0,3% no mês passado, depois de ter subido 0,4% em agosto. Nos 12 meses até setembro, o índice teve alta de 3,0%, após avançar 2,9% em agosto. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,1% em relação ao ano anterior.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, os preços aumentaram 0,2%, depois de subirem 0,3% em agosto. O núcleo do índice aumentou 3,0% em relação ao ano anterior, de 3,1% em agosto.

Os rendimentos dos Treasuries despencaram logo depois do CPI, com os investidores globais elevando as apostas de cortes sucessivos de juros pelo Federal Reserve.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a mínima de 13,815% (-6 pontos-base) às 9h44, quando tanto o IPCA-15 quanto o CPI já haviam sido divulgados. A taxa do DI para janeiro de 2035 atingiu a mínima de 13,510% (-9 pontos-base) às 15h39.

“A baixa da curva se deve à expectativa de queda de juros no Brasil. Se antes ninguém estava acreditando que o Banco Central cortaria a Selic antes do primeiro trimestre de 2026, os dois indicadores de hoje vieram muito na direção pró-corte”, avaliou Laís Costa, analista da Empiricus Research.

“Janeiro está virando um consenso. Nas últimas comunicações duras do BC, parecia que ele estava mirando março e talvez abril. Agora há mais de 50% de chance de o corte da Selic ser em janeiro, com probabilidade de corte maior em março”, acrescentou.

O diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, citou ainda a redução recente do preço da gasolina pela Petrobras como um fator que pode influenciar a política monetária.

“A possibilidade de corte da Selic ser em janeiro aumentou muito com o IPCA-15 de hoje e o corte da gasolina”, disse Faria Júnior.

Embora a curva tenha passado a refletir chances maiores de os cortes da Selic começarem em janeiro, muitos economistas do mercado mantiveram a cautela após os números desta sexta-feira.

“No conjunto, o resultado (do IPCA-15) apoia a continuidade das revisões baixistas nas expectativas de inflação, mas não altera o panorama geral nem traz confiança adicional no processo de desinflação”, avaliou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

“Nesse sentido, não deve mudar o plano de voo do Banco Central, que segue com postura cautelosa e juros em patamar contracionista por tempo prolongado.”

Perto do fechamento da sessão a curva precificava quase 100% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, no início de novembro.

Pela manhã, sem efeitos diretos sobre a curva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva repudia o "calote" que foi dado nos precatórios pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou ainda que o governo está tentando resolver o problema fiscal de forma sustentável.

No exterior, após perderem força com a divulgação do CPI, os rendimentos dos Treasuries se recuperaram, exibindo no fim da tarde leves ganhos entre os contratos mais longos. Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 1 ponto-base, a 3,997%.

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