A Confederação Nacional do Transporte (CNT) negou nesta quinta-feira, 28, qualquer tipo de apoio a uma eventual paralisação de caminheiros, que ameaçaram iniciar uma nova greve em todo o País.
Por meio de nota, o presidente da CNT, Vander Costa, declarou que "não apoia nenhum tipo de paralisação de caminhoneiros e reafirma o compromisso do setor de transportador com a sociedade".
Segundo a CNT, "se houver algum movimento dessa natureza, as transportadoras garantem o abastecimento do País, desde que seja garantida a segurança nas rodovias".
O governo acompanha o assunto de perto. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo aos caminhoneiros para que desistam da paralisação da categoria, programada para semana que vem. Ele confirmou a intenção do governo de reduzir tributos sobre o diesel para aliviar a pressão do reajuste do combustível sobre o bolso dos caminhoneiros, mas ressaltou que "não é uma conta fácil de ser feita".
Cada centavo de redução no PIS/Cofins sobre o diesel teria impacto de R$ 800 milhões nos cofres públicos. Bolsonaro esteve nesta quarta-feira, 27, com o ministro da Economia, Paulo Guedes, na sede da pasta. A reunião não estava na agenda oficial de nenhum deles. No encontro, um dos assuntos foi justamente a possibilidade de compensar os caminhoneiros pelo aumento no preço do diesel.
"Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia, apelamos para eles que não façam greve, que todos nós vamos perder", pediu o presidente.
O governo vem diminuindo a possibilidade de os caminhoneiros decretarem greve a partir do dia 1º de fevereiro com o argumento de que as associações que chamaram não são representativas do setor e que, neste momento, o preço do frete está alto por causa da safra agrícola.
Mudança de posição
Em 2018, o então deputado Jair Bolsonaro defendeu a greve de caminhoneiros que protestavam contra a alta no preço dos combustíveis. "Os caminhoneiros buscam soluções para esses problemas, que interessam aos 200 milhões de brasileiros. Não têm encontrado eco no Legislativo. Sobrou-lhes o Executivo, que teima a se omitir. Somente a paralisação prevista a partir de 2ª feira poderá forçar o presidente da República a dar uma solução para o caso", disse Bolsonaro à época, por meio de vídeo divulgado em redes sociais.
Naquele ano, a greve durou 11 dias, provocando uma crise de abastecimento no País e com fortes impactos sobre o crescimento da economia. O Ministério da Fazenda calculou em R$ 15,9 bilhões o prejuízo à economia provocado pela paralisação.