Por Oliver Griffin e Carlos Vargas
BOGOTÁ (Reuters) - Quatro pessoas morreram na cidade colombiana de Cali, nesta sexta-feira, quando milhares de manifestantes protestaram em vários pontos do país para marcar um mês de atos generalizados, enquanto as negociações entre o governo e o comitê de greve nacional seguem travadas.
Em Cali, que se tornou um epicentro dos protestos, o prefeito Jorge Ospina confirmou três mortes, e a mídia local noticiou a quarta vítima fatal. As manifestações em outros lugares foram em sua maioria pacíficas, embora confrontos entre a polícia e os manifestantes tenham sido relatados em algumas áreas.
“Precisa haver diálogo entre aqueles que pedem greves, o governo nacional e toda a sociedade. Se não houver negociações, a espiral de violência continuará e, infelizmente, mais pessoas podem morrer”, disse Ospina.
As manifestações das últimas quatro semanas foram marcadas pela violência. O governo confirmou até agora 17 mortes de civis diretamente relacionadas aos protestos, enquanto grupos de direitos humanos afirmam que dezenas de outros civis foram mortos pelas forças de segurança. Dois policiais também morreram.
PRÉ-ACORDO
Esta semana, o governo e os líderes do protesto disseram que chegaram a um "pré-acordo", mas o governo informou na quinta-feira que não havia assinado o pacto porque alguns líderes do protesto não condenariam bloqueios de estradas.
"Já chegamos a um acordo, falta apenas a assinatura do presidente para iniciar as negociações", disse Francisco Maltes, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na sexta-feira, acusando o governo de atrasar as negociações.
As manifestações começaram em 28 de abril, pressionando o governo e parlamentares a arquivarem as reformas tributária e de saúde e levando à demissão do ex-ministro das Finanças Alberto Carrasquilla.
Desde a desistência da reforma tributária no início do mês, as demandas dos manifestantes foram ampliadas para incluir uma renda básica, oportunidades para os jovens e o fim da violência policial.
Em meio a gritos e música durante atos na capital Bogotá, manifestantes disseram à Reuters que continuariam nas passeatas mesmo depois de um mês de protestos.
"Até que o governo nos escute, temos que ficar nas ruas", disse Alejandro Franco, de 23 anos. Perto de se formar, ele declarou à Reuters que estava protestando por melhoria na educação e na saúde, entre outros motivos.
“Se o povo não tiver paz, o governo também não terá”, acrescentou.
Para alguns, as manifestações estão colocando mais pressão financeira. “Tenho que fechar minha loja toda vez que há protestos”, disse Laudice Ramirez, 62, no sul da cidade. "Vou à falência, mas os jovens não têm outras opções por oportunidades."
Embora tenha chegado a um pré-acordo com o comitê nacional de greve --formado por sindicatos, grupos estudantis e outros--, o governo divulgou na quinta-feira um comunicado atribuindo o atraso na assinatura do acordo a alguns líderes do protesto que não concordam em condenar bloqueios de estradas.
"Essa exigência não é nova... para o governo, esse ponto não é negociável", afirma o comunicado, acrescentando que as negociações serão retomadas no domingo.
(Reportagem de Oliver Griffin e Carlos Vargas)