Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A médica cardiologista intensivista Ludhmila Hajjar e o deputado federal Luiz Antônio Teixeira Jr, o doutor Luizinho (PP-RJ), estão entre os cotados para assumir o cargo de ministro da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello, afirmaram fontes parlamentares neste domingo à Reuters, em meio a notícias da possível substituição do titular da pasta na pior fase da Covid-19 no país e lentidão no processo de vacinação.
O nome de Ludhmila Hajjar, professora da Universidade de São Paulo e intensivista no Hospital DF Star, conta com apoio de lideranças do Congresso, segundo as duas fontes. Ela se destacou durante a pandemia por tratar de autoridades com a doença, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli.
Por outro lado, a médica, que também é diretora de Ciência e Tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia, já fez comentários críticos sobre a eficácia da cloroquina, medicamento seguidamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro no tratamento de Covid-19 mesmo sem eficária comprovada.
Pouco depois das 17h, a Secretaria Especial de Comunicação Social confirmou, em nota, "que a médica Ludhmila Hajjar reuniu-se com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, na tarde deste domingo".
A nota, no entanto, não detalhou os motivos do encontro. Procurada mais cedo pela Reuters, a Secom não se manifestou sobre a eventual saída de Pazuello.
O outro nome cotado para o cargo, segundo as fontes, é do deputado Dr. Luizinho, correligionário de Arthur Lira, que é presidente da Comissão de Seguridade Social e Família e coordenador da Comissão Externa da Câmara dos Deputados de Enfrentamento à Covid-19.
Um terceiro nome citado por uma das fontes é o do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga.
No fim de semana, teria aumentado a pressão contra Pazuello após notícias veiculadas na imprensa de que o ministro iria deixar o cargo.
Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou de imediato sobre a eventual saída de Pazuello. Um pouco depois, no entanto, divulgou nota afirmando que o ministro segue no cargo.
"O Ministério da Saúde informa que o ministro Eduardo Pazuello segue à frente da pasta, com sua gestão empenhada nas ações de enfrentamento da pandemia no Brasil", disse a assessoria do órgão.
No sábado à tarde, Pazuello, general de divisão do Exército, reuniu-se com os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Fernando Azevedo (Defesa), todos eles militares, no Hotel de Trânsito dos Oficiais, em Brasília. Segundo uma das fontes, foi um compromisso oficial.
Mais tarde, Pazuello jantou com o presidente Jair Bolsonaro, segundo outra fonte, em encontro reservado.
Bolsonaro também se reuniu no fim de semana com o presidente da Câmara, segundo uma fonte, no qual conversaram sobre a gestão da crise. Na tarde deste domingo, Lira fez no Twitter uma defesa enfática de Ludhmila Hajjar para o ministério.
"Coloquei os atributos necessários p/ o bom desempenho à frente da pandemia: capacidade técnica e de diálogo político com os inúmeros entes federativos e instâncias técnicas. São exatamente as qualidades que enxergo na doutora Ludhmila", tuitou Lira.
"Espero e torço para que, caso nomeada ministra da Saúde, consiga desempenhar bem as novas funções. Pelo bem do país e do povo brasileiro, nesta hora de enorme apreensão e gravidade. Como ministra, se confirmada, estarei à inteira disposição."
O atual ministro da Saúde, que assumiu interinamente o cargo em maio passado e foi efetivado apenas em setembro, tem sido alvo de duras críticas na condução da pandemia.
Pazuello acumula queixas de demora no avanço da vacinação no país, ajuda aos entes federados, defesa de medicamento sem eficácia comprovada e falta de empenho em liderar o enfrentamento à crise sanitária, incluindo eventual responsabilidades no colapso da saúde pública de Manaus, onde pacientes de Covid-19 morreram por falta de oxigênio --fatos que o levaram a ser alvo de uma investigação criminal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por omissão e um pedido de CPI no Senado.
Por outro lado, Bolsonaro sempre deu respaldo público à atuação de Pazuello, tendo já o chamado de "excelente ministro" e "tremendo de um gestor". Contudo, a avaliação sobre o presidente piorou nos últimos dias, segundo pesquisas, em meio à demora da vacinação e o agravamento da pandemia no país.
(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)