Por Huw Jones
LONDRES (Reuters) - Os bancos da União Europeia precisam ser "conservadores" com dividendos e outros pagamentos após a recente turbulência no setor, e devem se concentrar em manter suas reservas, disse o regulador bancário do bloco europeu à Reuters.
José Manuel Campa, presidente da Autoridade Bancária Europeia, disse que os bancos têm fortes reservas de capital e liquidez, com uma importante medida de lucratividade agora no pico de uma década.
Mas não está claro com que rapidez o aumento dos juros afetará a economia e os clientes dos bancos, disse ele.
"O impacto virá com certeza", disse Campa à Reuters. "Esse impacto continuaremos a monitorar."
O órgão fiscalizador, com sede em Paris, garante que os supervisores bancários nacionais apliquem as regras bancárias da UE e coordena verificações regulares de saúde dos bancos em todo o bloco, com os resultados do último teste de estresse previsto para o verão (no Hemisfério Norte).
As ações do setor bancário despencaram no mês passado, após o colapso do Silicon Valley Bank e de outros credores norte-americanos e a aquisição forçada do Credit Suisse (SIX:CSGN) pelo UBS. .
Esses eventos devem levar os credores da UE a examinar mais de perto seu planejamento de capital, principalmente dividendos e outras distribuições, para reforçar a confiança do mercado e do cliente, disse Campa.
"Eles devem olhar para cenários conservadores", disse ele.
Embora os bancos agora tenham posições de liquidez muito fortes, eles terão que pagar os empréstimos dos bancos centrais, disse ele. "Precisamos garantir que eles permaneçam com os chamados ativos líquidos de alta qualidade suficientes", disse Campa, ex-autoridade do banco espanhol Santander (BVMF:SANB11).
Os bancos devem repassar os aumentos dos juros aos correntistas, dada a facilidade com que eles transferem seu dinheiro para outro banco online, o que causou problemas no Silicon Valley Bank, disse Campa.
"Os bancos terão que ser muito prudentes na forma como precificam e ser ativos na forma como mantêm seus depositantes", disse Campa.
Não há evidências, no entanto, de que a turbulência bancária recente mostre a necessidade de repensar as regras bancárias, disse Campa.
“O consenso global é que devemos implementar as regras que foram aprovadas após a crise financeira global”, disse Campa.
(Por Huw Jones)