Por Tarek Amara e Angus McDowall
TÚNIS (Reuters) - A polícia antiterrorismo da Tunísia convocou a principal figura da oposição para interrogatório nesta sexta-feira, enquanto uma crise política se aprofunda após a decisão do presidente Kais Saied de dissolver o Parlamento e impor um regime de um homem só.
Rached Ghannouchi, chefe do partido islâmico Ennahda e presidente do Parlamento dissolvido, foi intimado a comparecer nesta sexta-feira, disse seu gabinete, depois que investigações foram abertas sobre membros da Câmara que desafiaram Saied.
Saied exigiu que investigações fossem realizadas depois que integrantes do Parlamento realizaram uma sessão online na quarta-feira e votaram pela revogação de todas as medidas de emergência que ele impôs -- apesar de seu decreto no verão passado para suspender a Câmara.
O presidente acusou aqueles que participaram da sessão, juntamente com Ghannouchi, cujo gabinete havia anunciado a medida, de conspirar contra a segurança do Estado e ordenou que o departamento de justiça abrisse um processo legal contra eles.
No mês passado, Saied assumiu o controle do judiciário, substituindo um conselho superior, cuja função era garantir a independência judicial, com juízes que ele mesmo selecionou.
Os movimentos de Saied aumentam a perspectiva de uma repressão à oposição, conforme importantes políticos da Tunísia se tornam mais ativos na oposição às tentativas do presidente de reformular o sistema político no que eles chamam de golpe.
"É um ponto de virada para atingir seus oponentes", disse a vice-presidente do Parlamento, Samira Chouachi.