Por Gergely Szakacs e Krisztina Fenyo
BUDAPESTE (Reuters) - O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, iniciou sua campanha para as eleições parlamentares europeias do próximo ano criticando nesta segunda-feira os líderes do bloco, chamando Bruxelas de uma "paródia contemporânea ruim" que ainda pode ser consertada.
Em Bruxelas, a desconfiança em relação a Orbán tem aumentado após desentendimentos durante seus 13 anos no poder, relacionados aos direitos dos gays e dos imigrantes na Hungria, além do maior controle estatal sobre ONGs, intelectuais, tribunais e a imprensa.
Horas depois da fala de Orbán, milhares de pessoas fizeram um protesto na capital Budapeste, reduto progressista que há tempos se coloca na oposição contra a agenda do premiê. Alguns manifestaram o temor de que a Hungria possa acabar deixando a União Europeia sob Orbán, algo que ele tem repetidamente descartado.
A UE suspendeu o pagamento de bilhões de euros de financiamento para a Hungria, sob preocupações sobre o Estado de Direito no país, o que dificultou os esforços do líder nacionalista de tirar a economia de sua mais longa recessão técnica desde o início dos registros modernos. "A história às vezes se repete. Felizmente, o que era primeiro como tragédia, na melhor das hipóteses é como comédia na segunda vez", afirmou Orbán a apoiadores em discurso que marcava o aniversário da fracassada revolta de 1956 contra a União Soviética.
"Moscou foi uma tragédia. Bruxelas é apenas uma paródia contemporânea ruim." No poder desde 2010, o líder veterano enfrenta seu maior desafio com os recursos da UE no limbo. A inflação ocupa os mais altos níveis do bloco, e taxas de juros elevadas têm prejudicado a economia. "Se Bruxelas assobiar, dançaremos ao nosso gosto. E, se não quisermos, não dançaremos", afirmou Orbán, provocando aplausos de seguidores.
"Moscou não tinha como arrumar, mas Bruxelas ainda dá para consertar." (Reportagem de Gergely Szakacs)