Por Richard Cowan e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - Democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos disseram na terça-feira que incluirão novos indícios quando enviarem as acusações formais de impeachment contra o presidente Donald Trump ao Senado nesta quarta-feira, buscando ampliar o alcance de um julgamento que dominará Washington nas próximas semanas.
Deputados democratas disseram que incluirão registros telefônicos e outros documentos fornecidos por Lev Parnas, um empresário da Flórida, para fortalecer o argumento de que Trump abusou de seu poder ao pressionar a Ucrânia a investigar um rival político, o ex-vice-presidente democrata Joe Biden.
Parnas foi sócio de Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump que diz que o empresário o ajudou a investigar Biden. O ucraniano Parnas se declarou inocente de violações de campanha federais em um caso criminal separado.
A inclusão tardia dos registros de Parnas, que só foram disponibilizados aos investigadores nos últimos dias, leva a crer que os democratas estão tentando fortalecer seu caso antes de este seguir para julgamento no Senado.
Trump se tornou o terceiro presidente norte-americano a ter um pedido de impeachment aprovado pela Câmara, quando a Casa, de maioria democrata, aprovou acusações segundo as quais ele abusou dos poderes de seu cargo e obstruiu a investigação do Congresso sobre sua conduta.
A Câmara votará nesta quarta-feira o envio das acusações de impeachment ao Senado controlado pelos republicanos, dando início a um julgamento que pode durar até o começo de fevereiro. A Casa também escolherá os parlamentares da Câmara que se encarregarão do processo contra Trump no Senado.
Estes parlamentares farão uma procissão do Capitólio até o Senado para entregar os artigos de impeachment ao secretário do Senado perto das 17h desta quarta-feira, disse a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em um comunicado.
Acredita-se que o Senado absolverá Trump, já que nenhum dos 53 republicanos da Casa expressou apoio ao afastamento do presidente -- uma medida que exigiria uma maioria de dois terços da Casa de 100 membros.
Pelosi havia adiado o envio das acusações de impeachment ao Senado na tentativa mal-sucedida de convencer os republicanos que o comandam a concordarem com a inclusão de novos depoimentos de testemunhas que poderiam sem prejudiciais ao presidente republicano.
Uma das questões mais polarizadoras ainda a serem resolvidas é permitir-se ou não testemunhas no julgamento do Senado. Os democratas querem ouvir funcionários antigos e atuais da Casa Branca, como o ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton, que acreditam poder lançar luz sobre a campanha de pressão de Trump sobre a Ucrânia.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu e Susan Cornwell)