Por David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - Parlamentares democratas do Congresso dos Estados Unidos darão um grande passo no que agora parece uma marcha inexorável rumo à aprovação do impeachment do presidente Donald Trump na Câmara doa Deputados ao iniciarem, nesta semana, audiências vistas como precursoras de acusações formais a serem anunciadas dentro de semanas.
Tendo como pano de fundo pesquisas de opinião que mostram os norte-americanos extremamente divididos sobre um impeachment, o Comitê Judiciário da Câmara, que tem maioria democrata, realizará uma audiência na quarta-feira para explicar ao público o que constituiu um delito passível de impeachment.
A entidade também receberá um relatório do Comitê de Inteligência da Câmara que delineia os indícios que os democratas dizem mostrar que Trump abusou do cargo visando um ganho político pessoal.
Os democratas estão analisando os esforços do presidente republicano para pressionar a Ucrânia a investigar o rival político Joe Biden, ex-vice-presidente democrata que busca a indicação de seu partido para enfrentar Trump na eleição presidencial de 2020, e seu filho, Hunter Biden, que integrou o conselho de uma empresa de energia ucraniana.
O inquérito de impeachment já ouviu depoimentos de autoridades antigas e atuais, segundo as quais uma ajuda militar para a Ucrânia foi retida e uma reunião na Casa Branca com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, foi condicionada a investigações sobre os Biden e uma teoria conspiratória desacreditada sobre uma interferência na eleição norte-americana de 2016.
Trump nega qualquer irregularidade e disse que uma conversa telefônica de 25 de julho com Zelenskiy, na qual pressionou pelas investigações, foi "perfeita". Ele e colegas republicanos dizem que os democratas estão tentando contrariar a vontade popular expressa na eleição presidencial de 2016.
O Comitê Judiciário ouvirá depoimentos públicos de quatro acadêmicos especializados em Direito para saber com que base constitucional um presidente dos EUA pode ser deposto.
A Casa Branca teve uma reação desafiadora na noite de domingo ao informar os democratas que Trump e seus advogados não participarão da audiência de quarta-feira, citando uma falta de "imparcialidade fundamental".
Falando a repórteres nesta segunda-feira, ao partir da Casa Branca rumo a Londres para uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Trump disse que se recusa a participar da audiência por se tratar de uma farsa.
Mesmo que seja aprovado na Câmara, o impeachment de Trump seria julgado pelo Senado, de maioria republicana, onde é muito improvável uma votação a favor da deposição do presidente. Poucos senadores republicanos têm demonstrado interesse em remover Trump do cargo.
Mas o inquérito de impeachment lança uma nuvem sobre o já tumultuado governo Trump e acirrou as divisões entre os norte-americanos, que devem se acentuar ainda mais nas próximas semanas com o avançar da campanha para a eleição presidencial.