Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - Os formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) não esperam mudar sua mensagem sobre a necessidade de juros altos antes da reunião de março, o que torna difícil qualquer corte na taxa antes de junho, disseram à Reuters sete pessoas familiarizadas com o assunto.
O BCE deixou a taxa de juros inalterada em níveis recordes na quinta-feira e a presidente Christine Lagarde rechaçou apostas do mercado em uma redução da taxa já em março, embora com sucesso limitado.
As fontes disseram que elas precisariam ver como os dados se comportam entre agora e, no mínimo, a reunião de 7 de março, antes de considerar uma abordagem mais branda do tipo que o Federal Reserve adotou esta semana, abrindo a porta para futuros cortes nos juros.
Seria difícil ponderar um corte dos juros antes de junho, quando a maioria dos dados salariais cruciais para o próximo ano já terá sido publicada, disseram essas fontes.
Isso é pelo menos dois meses mais tarde do que o mercado está prevendo atualmente -- em uma desconexão que preocupou autoridades na reunião do Conselho do BCE desta semana, disseram as fontes.
Algumas explicaram que a divergência poderia se resumir a visões discordantes sobre a inflação. Embora investidores esperem que a recente e acentuada queda nas pressões inflacionárias continue, a maioria dos formuladores de política monetária acredita que ela será temporária.
Uma fonte disse que um corte pode ser possível até mesmo antes de junho, se a inflação continuar a ficar abaixo do esperado.
No entanto, duas outras disseram que o BCE deveria reagir com mais força contra a opinião de traders ou correr o risco de ver os esforços de aperto monetário do banco central, que o levou a aumentar os juros 10 vezes seguidas em um ano e meio, serem desfeitos pelo mercado.
Comentários públicos de membros do BCE nesta sexta-feira também sugeriram que eles não estavam com pressa para cortar os juros.
O presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, disse ser "muito cedo para dar o sinal de alerta" em relação à inflação, enquanto o presidente do Banque de France, François Villeroy de Galhau, disse que a próxima medida do BCE será reduzir os custos dos empréstimos, mas também insistiu em que o BCE permanecerá com os juros em um "platô" por um tempo e "apreciará a vista".
Os mercados monetários estão precificando uma chance de 50% de um primeiro corte de 0,25 ponto percentual na taxa de depósito em março, seguido de reduções sucessivas em todas as reuniões até dezembro.
Isso deixaria a taxa que o BCE paga sobre os depósitos bancários em 2,5% até o final do próximo ano, abaixo dos atuais 4,0%.