Por Rodrigo Campos
(Reuters) - Uma política macroeconômica mais forte está parcialmente por trás da resiliência das economias da América Latina e do Caribe, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta sexta-feira em sua análise regional do Hemisfério Ocidental.
No entanto, o Fundo alertou que as taxas de crescimento continuam fracas e os níveis de investimento permanecem historicamente baixos.
E mesmo que o desemprego em toda a região também esteja em níveis historicamente baixos, "com a maioria das economias operando perto do potencial... a atividade na região tem moderado de forma geral nos últimos trimestres", disse o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Rodrigo Valdes.
"Consideramos os riscos em torno dessa projeção básica como amplamente equilibrados, refletindo também riscos globais mais equilibrados", disse Valdes.
Para a instituição, a inflação continua a recuar em toda a região, em parte devido à ação rápida dos bancos centrais no passado. Nessa visão, o FMI considera que a flexibilização da política monetária deve continuar, no entanto.
"Será importante calibrar cuidadosamente o ritmo da flexibilização para encontrar um equilíbrio entre trazer a inflação de volta à meta de forma duradoura, na reta final, e evitar uma contração econômica indevida", disse Valdes.
Nesta semana, o Fundo elevou ligeiramente sua visão sobre o crescimento da produção econômica da América Latina e do Caribe em 2024 para 2,0%, em comparação com a previsão de 1,9% de janeiro, em ambos os casos prevendo uma desaceleração em comparação com a taxa de crescimento de 2,3% do ano passado.
A desaceleração geral do crescimento se deve, em parte, a taxas de crescimento menores nas maiores economias da região, México e Brasil.
A DÍVIDA PÚBLICA É UM PROBLEMA
Mesmo com a maioria das economias da região tendo retirado estímulos adotados durante o choque econômico da pandemia, o Fundo está preocupado com o fato de os planos de consolidação fiscal estarem sendo suspensos.
"Com a dívida pública em níveis elevados, a política fiscal deve se concentrar na reconstrução de espaço para políticas públicas", disse Valdes. "O aperto fiscal oportuno também permitirá uma normalização mais rápida da política monetária."
Valdes se referiu à "urgência" de acelerar o crescimento na região, que, em uma média de 2% no médio prazo, não é um ritmo suficiente para permitir ou disseminar prosperidade.
Com os "altos níveis de pobreza e desigualdade" da região, disse Valdes, "a manutenção da coesão social deve ser um ponto central dos planos de consolidação fiscal".
Na semana passada, o Banco Mundial rebaixou sua previsão de crescimento econômico para 2024 na América Latina e no Caribe para 1,6% em relação à estimativa anterior de 2,3%, dizendo que a região continua a ficar atrás das taxas de crescimento registradas em outras partes do mundo.