Por Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - Acabar com as leis e práticas discriminatórias que impedem as mulheres de trabalhar ou abrir empresas poderia aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) mundial em mais de 20%, o que dobraria a taxa de crescimento global na próxima década, afirmou o Banco Mundial nesta segunda-feira.
O 10º relatório anual da instituição sobre Mulheres, Negócios e Direito mostrou que as mulheres têm, em média, apenas 64% das proteções legais que os homens têm, e não os 77% estimados anteriormente, e nenhum país -- nem mesmo os mais ricos -- oferece oportunidades verdadeiramente iguais.
O número mais baixo reflete as principais deficiências reveladas pela inclusão de dois novos indicadores -- segurança e assistência à infância -- além de remuneração, casamento, paternidade, local de trabalho, mobilidade, patrimônio, empreendedorismo e pensões.
O relatório avaliou pela primeira vez como 190 países estão implementando as leis existentes para proteger as mulheres, descobrindo o que chamou de uma lacuna "chocante" entre a política e a prática.
Segundo o relatório, os obstáculos que as mulheres enfrentam para ingressar na força de trabalho global incluem barreiras para abrir empresas, diferenças salariais persistentes e proibições de trabalhar à noite ou em trabalhos considerados "perigosos".
O assédio sexual é proibido no local de trabalho em 151 países, mas apenas 40 têm leis que o proíbem em locais públicos. "Como podemos esperar que as mulheres prosperem no trabalho quando é perigoso para elas apenas se deslocarem para o trabalho", disse o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill.
As mulheres também gastam, em média, 2,4 horas a mais por dia em trabalho de cuidado não remunerado do que os homens, em grande parte cuidando de crianças, sendo que apenas 78 países promulgaram padrões de qualidade que regem os serviços de creche.
No papel, as mulheres têm cerca de dois terços dos direitos dos homens, mas os países não dispõem dos sistemas necessários para a implementação e o cumprimento totais, segundo o relatório.
O relatório inclui recomendações específicas para os governos, incluindo o aprimoramento das leis relacionadas à segurança, cuidados infantis e oportunidades de negócios; a promulgação de reformas que eliminem as restrições ao trabalho das mulheres; a expansão das disposições sobre licença maternidade e paternidade; e o estabelecimento de cotas obrigatórias para mulheres nos conselhos de administração de empresas de capital aberto.
Tea Trumbic, principal autora do relatório, disse que apenas metade das mulheres participa da força de trabalho global, em comparação com quase três em cada quatro homens.
"Isso não é apenas injusto, é um desperdício. Os países simplesmente não podem se dar ao luxo de deixar de lado metade de sua população."