(Reuters) - Com o Brasil registrando ainda um alto número diário de novos casos e mortes de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que "se Deus quiser", o país volta à normalidade ainda este ano.
Em discurso a um público de evangélicos, Bolsonaro, com voz mansa, mencionou várias vezes Deus e a importância de acreditar e disse que estamos no final do que chamou uma grande provação.
"Se Deus quiser, voltamos à normalidade ainda no corrente ano", disse Bolsonaro em convenção estadual do Distrito Federal e Entorno das Assembleias de Deus do Brasil.
Numa referência, ainda que não nominal, à hidroxicloroquina, Bolsonaro disse que quando se deixou de politizar a questão da saúde, mais vidas foram salvas no país. O presidente é um ardoroso defensor do uso do medicamento no tratamento da Covid-19, apesar de não haver comprovação científica de sua eficácia contra essa doença.
"Quis o destino também que na área da saúde, aos poucos, ao se deixar de politizar a única alternativa que nós tínhamos, começasse a salvar-se mais vidas no Brasil também", disse, depois de afirmar que o país foi o que melhor se saiu em termos econômicos da pandemia.
"Eu tive que tomar decisões", disse Bolsonaro.
"Hoje, graças a Deus, estamos vendo que estávamos no caminho certo", acrescentou.
Na sexta-feira, o Brasil registrou mais 39.797 novos casos de Covid-19, elevando o total acumulado para 4.495.183, segundo dados do Ministério da Saúde. Também na sexta houve o registro de mais 858 óbitos pela doença, fazendo com que o total de mortes causadas pelo novo coronavírus chegasse a 135.793.
O Brasil é o terceiro país com mais casos no mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Índia, e o segundo em mortes, depois dos EUA.
Apesar de sinais de recuperação da economia, dados da Pnad Covid, divulgados pelo IBGE na sexta-feira, mostram que o número de desempregados no país cresceu 39,7% do início de maio até o final de agosto.
Diante de um público religioso, Bolsonaro voltou a defender a importância da família e afirmou que Deus dá força para que os obstáculos sejam vencidos.
No início do discurso, o presidente disse que o que o fez perseverar no cargo foi "acreditar".
"Quando alguns falavam, em algumas reuniões reservadas que tinha na Presidência, que não resistiria poucos meses, só uma coisa me deu força para ousar resistir: é acreditar."
(Por Alexandre Caverni)