Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A oposição na CPI da Covid no Senado preparou um plano de trabalho em que prevê tomar depoimentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, da atual e antiga cúpula da pasta Saúde --inclusive o ministro Marcelo Queiroga e o ex-ministro Eduardo Pazuello-- e ainda avalia quebrar sigilos de autoridades durante as investigações.
O documento informa que senadores pretendem avaliar as ações do governo federal em relação ao pagamento do auxílio emergencial e outras medidas econômicas para conter a pandemia de coronavírus.
Entre os questionamentos, parlamentares querem saber se o valor gasto foi suficiente para atender a população vulnerável. Guedes e outras autoridades são aventadas no roteiro para serem convocadas a depor.
O roteiro foi elaborado pela equipe do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e ainda não é um documento definitivo. Na prática, cabe ao relator da comissão, com o apoio dos integrantes, aprovar os pedidos de convocação e o roteiro dos trabalhos.
Ministro da Saúde até o mês passado, Eduardo Pazuello é apontado como um dos principais alvos no roteiro. Os senadores críticos à gestão do governo federal na pandemia querem ouvi-lo, por exemplo, sobre o colapso na saúde de Manaus e no Estado do Amazonas, emprego de verbas públicas para a região e para a aquisição de medicamentos sem eficácia comprovada no enfrentamento à Covid-19.
O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é citado para falar sobre a vacinação e medidas de distanciamento social e falta de kits intubação. Representantes de laboratórios fornecedores de imunizantes também são cotados para serem ouvidos.
"A atuação da Comissão Parlamentar de Inquérito de acordo com as diretrizes indicadas no presente plano de trabalho será de importância fundamental para a investigação das ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados, bem como para o exame acerca da licitude do emprego de verbas federais pelos demais entes federativos", disse o plano.
O documento prevê ainda a realização, durante as investigações de quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e de dados de autoridades.
Ex-presidente do Senado e crítico do governo Jair Bolsonaro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), é cotado para ser o relator da CPI.
A comissão de inquérito pode ser formalmente instalada na quinta-feira desta semana. Inicialmente pensada para investigar a gestão federal sobre a pandemia, fortemente criticada em meio ao pior momento da crise sanitária no país, a comissão também investigará a aplicação de recursos federais por Estados e municípios no enfrentamento à Covid-19.