Por Anthony Boadle e Andrea Shalal
BRASÍLIA/WASHINGTON (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, alertou nesta segunda-feira que os Estados Unidos e o Brasil precisam diminuir sua dependência de importações da China para sua própria segurança agora que os dois países estão reforçando sua parceria comercial.
Em uma cúpula virtual sobre o aumento da cooperação EUA-Brasil visando a recuperação pós-pandemia, Pompeo sublinhou a importância de se ampliar os laços econômicos bilaterais dado o que classificou como os "riscos enormes" que decorrem da participação considerável da China em suas economias.
"Na medida em que podemos encontrar maneiras de aumentar o comércio entre nossos dois países, podemos... diminuir a dependência de cada uma de nossas duas nações de itens essenciais" saídos da China, disse.
"Cada um de nossos dois povos ficará mais seguro, e cada uma de nossas duas nações será muito mais próspera, seja daqui a dois, cinco ou 10 anos", acrescentou.
O governo Trump está trabalhando para fortalecer os laços com o Brasil e proporcionar um contrapeso à China, disposta a obter alguma vantagem no que vê como uma nova competição pelo "Grande Poder".
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, está inclinado a seguir o roteiro, mas se vê limitado pelo fato de a China ser a maior parceira comercial do Brasil, já que compra a maior parte de sua soja e de seu minério de ferro.
Bolsonaro ainda não decidiu se impedirá as empresas de telecomunicações brasileiras de comprar equipamentos de 5G da chinesa Huawei Technologies Co Ltd, como quer o governo norte-americano.
Na cúpula organizada pela Câmara de Comércio dos EUA, Bolsonaro anunciou três acordos com Washington para garantir boas práticas comerciais e deter a corrupção. Ele disse que o pacote reduzirá a burocracia e aprimorará o comércio e o investimento.
Bolsonaro destacou também o ótimo momento nas relações entre Brasil e Estados Unidos e reforçou mais uma vez o objetivo de fazer o país ingressar na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Pompeo, por sua vez, ressaltou que o Brasil está se aproximando mais de uma filiação à OCDE com apoio dos EUA. "Queremos que isto aconteça o mais rápido que pudermos".
O Banco de Exportação e Importação dos EUA apoiará projetos avaliados em 450 milhões de dólares no Brasil neste ano, e a Corporação Financeira dos EUA para Desenvolvimento Internacional tem planos envolvendo cerca de um bilhão de dólares em projetos no país, disse Pompeo.
(Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle em Brasília, Humeyra Pamuk e Andrea Shalal em Washington e Leonardo Benassatto em São Paulo)