BEIRUTE (Reuters) - O ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, que falou nesta terça-feira em Beirute, após sua dramática fuga da justiça japonesa, que o embaixador da França o havia avisado pouco antes de sua prisão de que sua empresa estava tramando contra ele.
"Francamente, fiquei chocado com a prisão e a primeira coisa que pedi era para que se certificassem de que a Nissan soubesse para que me enviassem um advogado", disse Ghosn à Reuters em entrevista na capital libanesa.
"No segundo dia, 24 horas antes disso, eu recebi uma visita do embaixador da França que me disse: 'A Nissan está se voltando contra você'. E foi aí que percebi que era tudo uma conspiração".
O ex-CEO da Nissan Hiroto Saikawa, que foi forçado a renunciar no ano passado após admitir que recebeu compensações impróprias, disse pouco depois da prisão de Ghosn que o brasileiro estaria usando verbas corporativas para propósitos pessoais, sub-reportando sua renda por anos.
A prisão de Ghosn, que era amplamente respeitado por ter salvado a montadora de uma quase falência, colocou o sistema de justiça do Japão sobre escrutínio internacional.
Entre as práticas que agora estão sendo debatidas está a manutenção de suspeitos em detenção por longos períodos, excluindo os advogados de defesa das sessões de interrogação, que podem durar até oito horas por dia.
(Reportagem de Samia Nakhoul e Alessandra Galloni)