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Extrema pobreza no Brasil cai pela 1ª vez desde o início da pandemia

Publicado 08.12.2023, 06:00
Atualizado 08.12.2023, 10:50
Extrema pobreza no Brasil cai pela 1ª vez desde o início da pandemia

O percentual de brasileiros em situação de extrema pobreza caiu em 2022 pela 1ª vez desde o início da pandemia, em 2020. Passou de 9% em 2021 para 5,9% no último ano, enquanto a pobreza teve queda de 36,7% para 31,6% no mesmo período. Os dados são da SIS (Síntese de Indicadores Sociais) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Leia a íntegra da pesquisa (PDF – 4 MB).

No ano passado, o Brasil teve 67,8 milhões de pessoas na pobreza e 12,7 milhões na extrema pobreza, segundo o instituto. O recuo em relação a 2021 foi de 10,2 milhões e 6,5 milhões, respectivamente. A série histórica do IBGE foi iniciada em 2012.

Apesar da queda em relação a 2021, o percentual de pessoas pobres no Brasil se manteve acima do nível de 2020 (31%). Foi igual ao percentual de 2015, quando começou a haver um aumento, depois de anos de queda. O nível de 2022 foi mais baixo que o de todos os anos de 2016 (33,7%) a 2019 (32,5%).

Já a extrema pobreza teve o menor índice no ano passado desde 2015 (5,6%), quando o país começou a registrar um aumento da taxa. Os níveis mais baixos da série histórica foram os de 2014, tanto para a pobreza (30,8%) quanto para a extrema pobreza (5,2%). Já os mais altos foram os de 2021 –ano mais grave da crise sanitária da covid no país.

O IBGE usa como referência as linhas definidas pelo Banco Mundial. Desde 2022, elas são de US$ 6,85 para a pobreza e US$ 2,15 para a extrema pobreza. Ou seja, considera-se pobre quem vive com menos de US$ 6,85 por dia e extremamente pobre quem vive com menos de US$ 2,15 por dia.

De 2009 a 2015, a linha da extrema pobreza era de US$ 1,25. Em 2016, houve uma atualização, com essa linha passando para US$ 1,90. Nesse ano, o banco também criou a linha da pobreza, de US$ 5,50, para países de renda média-alta (que incluem o Brasil). Esses valores foram usados até 2021.

Na pesquisa, o IBGE considerou, separadamente, tanto as métricas de 2016 quanto as de 2022, para todos os anos.

INSEGURANÇA ALIMENTAR GRAVE

Pesquisa divulgada em junho de 2022 afirmou que 33 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar grave no Brasil. Os dados foram levantados pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). Eis a íntegra do estudo (PDF – 19 MB).

Segundo o levantamento, mais da metade da população brasileira (58,7% ou cerca de 125,2 milhões) vivia com algum tipo de insegurança alimentar.

No entanto, a pesquisa da Rede Penssan não aferiu quantas vezes o indivíduo entrevistado teria passado fome nos últimos 3 meses por falta de dinheiro. Ou seja, alguém que diz ter passado fome uma vez nos últimos 90 dias equivaleria também a quem passou fome diariamente nesse mesmo período por falta de recursos financeiros. Leia mais sobre a metodologia da pesquisa nesta reportagem.

Leia mais:

  • Entenda a diferença de fome e insegurança alimentar grave

O QUE É INSEGURANÇA ALIMENTAR

De acordo com a Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar), usada pela Rede Penssan e pelo IBGE, insegurança alimentar é quando a pessoa não tem acesso regular a alimentos. É dividida em 3 níveis: leve, moderada e grave.

  • leve – quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos para não comprometer a quantidade;
  • moderada – quando há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação;
  • grave – quando há ruptura nos padrões de alimentação, resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio, incluindo crianças. Segundo a escala, nessa situação as pessoas convivem com a fome.

Há também o nível de segurança alimentar, que é quando a família tem acesso constante e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. Leia mais detalhes na tabela abaixo:

Estudo técnico elaborado em 2014, durante o governo Dilma, pelo então Ministério do Desenvolvimento Social, afirma que a Ebia é inspirada no Indicador Cornell, desenvolvido pela Universidade Cornell, nos EUA.

No Brasil, 5 instituições participaram do processo de adaptação do Indicador Cornell para uso brasileiro: Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), UnB (Universidade de Brasília), UFPB (Universidade Federal da Paraíba), Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

“A Ebia é uma escala que mede diretamente a percepção e vivência de insegurança alimentar e fome no nível domiciliar. É uma medida que expressa acesso aos alimentos e proporciona alta confiabilidade da escala, pois traduz a experiência da vida com a insegurança alimentar e a fome dos componentes do domicílio”, diz o estudo. Leia a íntegra do estudo técnico (PDF – 520 kB).

Leia mais em Poder360

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