😎 Promoção de meio de ano - Até 50% de desconto em ações selecionadas por IA no InvestingProGARANTA JÁ SUA OFERTA

Fachin vota pela legalidade do inquérito das fake news e condena atos antidemocráticos

Publicado 10.06.2020, 20:20
Atualizado 10.06.2020, 21:40
© Reuters. .

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira pela legalidade da portaria que permitiu a abertura no ano passado do inquérito das fake news, mas propôs limites à investigação que apura a divulgação de notícias fraudulentas e ameaças feitas a ministros da corte.

O julgamento da ação da Rede Sustentabilidade que questiona a validade do inquérito foi suspenso após o voto de Fachin, relator do processo, e será retomado na próxima quarta-feira, informou o presidente do STF, Dias Toffoli.

O relator propôs quatro pontos a serem observados no inquérito: 1) que seja acompanhado pelo Ministério Público; 2) que garanta a investigados amplo acesso aos autos; 3) que limite o objeto da investigação a casos de risco efetivo de independência do STF, por meio de ameaça a seus membros e familiares; 4) garanta a liberdade de expressão e de imprensa, excluindo do escopo da apuração matérias jornalísticas e postagens anômicas, desde que não integrem esquemas de financiamento de propagação de fake news.

Fachin reconheceu a possibilidade de o Supremo instaurar investigações por conta própria, citando previsão em seu regimento interno. Contudo, ele ressalvou que essa competência investigativa não pode ser usada a todo momento e também permitir a realização de investigações ilegais.

O ministro do STF disse que a corte reconhece a liberdade de expressão como garantia do direito de informar e criticar e ponderou que esse direito está em "constante conformação". Para ele, o STF terá de refletir sobre as notícias fraudulentas, as chamadas fake news.

"As exceções de liberdade de expressão são restritas", disse. "Ninguém pode se atribuir à pretensão da totalidade. A alteridade é, ao final, o cerne de democracia", completou, citando que são vetados "discursos racistas e de ódio".

INADMISSÍVEL

Em uma defesa enfática das atribuições da corte, Fachin disse que não há ordem democrática sem o cumprimento de decisões judiciais. O presidente Jair Bolsonaro e aliados dele têm feito críticas sobre decisões do STF e já ameaçaram descumpri-las. Fachin também contestou duramente atos antidemocráticos.

"São inadmissíveis a defesa da ditadura, do fechamento do Congresso ou do Supremo. Não há liberdade de expressão que ampare a defesa desses atos. Quem os pratica precisa saber que enfrentará a Justiça constitucional do seu país", disse.

"Precisa saber que este Supremo não os tolerará, não há direito e não há princípios que possam ser invocados para que se autorize transigir com a prevalência dos direitos fundamentais. Não há no texto constitucional qualquer norma que autorize outro Poder ou instituição a última palavra sobre e a Constituição Federal, que cabe ao Judiciário. A espada sem a Justiça é o arbítrio", completou.

Em outro momento, Fachin disse que atentar contra um dos Poderes, incitando o seu fechamento, a morte ou a prisão de seus membros, ou ainda o descumprimento de suas decisões não são manifestações protegidas pela liberdade de expressão pela Constituição.

O relator da ação disse que não é "extravagante" a decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, de ter delegado para o colega Alexandre de Moraes a relatoria do inquérito.

O ministro do Supremo afirmou que a polícia pode realizar as diligências por ordem do STF e posteriormente se remeter as conclusões para o Ministério Público.

Ao fim do voto de Fachin, Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, fez uma rápida exposição de medidas que tomou no caso. Ao elogiar o voto do colega, disse que permitiu acesso à ex-procurador-geral da República Raquel Dodge e ao atual chefe do Ministério Público Federal, Augusto Aras, e autorizou 20 pedidos de acesso aos autos de citados nas investigações.

A expectativa é que o Supremo valide o inquérito, uma espécie de blindagem institucional da Corte, conforme reportagem da Reuters da semana passada.

BALIZAS

Antes do voto de Fachin, Augusto Aras, também tinha defendido a regularidade do inquérito, mas sugeriu à corte a fixação de balizas para que a investigação "não se eternize", tenha um objeto delimitado e que medidas invasivas contra investigados sejam informadas previamente ao MP.

"Precisamos apenas de balizas para que o objeto do inquérito das fake news não seja um objeto que caiba todas e quaisquer pessoas", disse Aras.

O procurador-geral disse que o "direito sagrado" da liberdade de expressão não pode ser uma oportunidade para abusar dele. E fez uma defesa do Poder Judiciário.

© Reuters. .

"Nesta toada, não podemos permitir que uma instituição, o Poder Judiciário, o seu órgão de cúpula, seja atacado, sem que se tome as medidas necessárias, doa a quem doer", disse, ao acrescentar que não se pode "passar incólume" contra cada fake news publicada.

Na mesma linha, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Levi Mello, disse que o inquérito das fake news é regular, mas fez uma série de ponderações à investigação ao defender, por exemplo, que não puna criminalmente a liberdade de imprensa nem a liberdade de expressão, inclusive e especialmente na internet.

Apesar da manifestação oficial da AGU, Bolsonaro já fez críticas públicas ao inquérito, chamando-o de inconstitucional. Na semana retrasada, essa investigação, conduzida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, realizou busca e apreensão contra aliados de presidente.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.